Descrição de chapéu The New York Times

Adolescente negra é morta pela polícia nos EUA minutos antes de veredicto do caso Floyd

Jovem, segundo as autoridades, ameaçou duas garotas com uma faca e foi atingida por tiros

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Neil Vigdor Bryan Pietsch
The New York Times

Uma adolescente que, segundo a polícia, ameaçou duas garotas com uma faca, foi morta a tiros por um policial na cidade de Columbus, no estado americano de Ohio, na tarde de terça (20), pouco antes de o júri declarar o ex-policial Derek Chauvin culpado pelo assassinato de George Floyd em Minneapolis.

A morte da garota projetou imediatamente uma dúvida sobre as declarações públicas de que a justiça foi cumprida no caso de Floyd e provocou protestos na capital de Ohio. Em entrevista coletiva na noite de terça, a Divisão de Polícia de Columbus divulgou a gravação da câmera fixada ao uniforme do policial que, segundo as autoridades, respondeu a um chamado de emergência sobre uma tentativa de ataque a faca por volta das 16h45 do horário local (17h45 de Brasília), na zona sudeste da cidade.

Manifestantes protestam em frente à Divisão de Polícia de Columbus, no estado de Ohio, após um policial atirar e matar uma adolescente de 16 anos
Manifestantes protestam em frente à Divisão de Polícia de Columbus, no estado de Ohio, após um policial atirar e matar uma adolescente de 16 anos - Gaelen Morse - 20.abr.21/Reuters

As autoridades disseram que o vídeo mostra a adolescente debruçada sobre duas mulheres com uma faca, enquanto o policial chega, de carro, à entrada de uma residência. O oficial dispara várias vezes contra a garota —ouvem-se quatro tiros na gravação. Ela então cai próximo a um veículo que estava estacionado no acesso à garagem, onde a filmagem mostra uma faca no chão.

A garota morta foi identificada como Ma'khia Bryant, 16, por uma porta-voz dos Serviços Infantis do Condado de Franklin, que disse em um email que ela estava sob tutela provisória de uma família.

"Não importa quais as circunstâncias, essa família está sofrendo e está em minhas orações", disse o diretor de Segurança Pública de Columbus, Ned Pettus, durante a entrevista coletiva. "Eles merecem respostas. Nossa cidade merece respostas. Eu quero respostas, mas respostas rápidas não podem substituir respostas precisas."

O nome do policial, que segundo autoridades foi afastado das ruas enquanto o caso é investigado, não foi divulgado. O Departamento de Investigação Criminal de Ohio conduzirá um inquérito independente, o que, de acordo com autoridades locais, é o padrão quando um oficial dispara contra uma pessoa.

No início da noite de terça, enquanto manifestantes chegavam à cena onde os tiros foram disparados, o prefeito de Columbus, Andrew Ginther, pediu no Twitter que os moradores mantenham a tranquilidade.

"Nesta tarde uma jovem perdeu tragicamente a vida", disse Ginther. "Não sabemos todos os detalhes. Há gravação do incidente a partir da câmera corporal [do policial]. Estamos trabalhando para analisá-la assim que possível." Uma mulher entrevistada pelo jornal The Columbus Dispatch identificou a vítima, uma adolescente negra, como sua sobrinha. A mulher, Hazel Bryant, disse ao jornal que a jovem morava em um lar adotivo provisório e teve uma altercação com outra pessoa da casa.

Uma multidão de manifestantes se reuniu diante do prédio da polícia, segundo a mídia local. A morte da jovem rapidamente recebeu ampla atenção, incluindo a de Ben Crump, o advogado da família Floyd, em meio a constantes cobranças de responsabilidade da polícia e de denúncias de racismo estrutural.

"Quando demos um suspiro de alívio coletivo hoje [terça], uma comunidade em Columbus sentiu o ferrão de mais um tiroteio da polícia", disse Crump. "Mais uma criança perdida! Mais uma hashtag."

Columbus foi tomada por tensão em torno de incidentes a tiros por parte da polícia desde o início de dezembro, quando Casey Goodson Jr., 23, foi morto na entrada de sua casa por um vice-delegado do condado de Franklin designado para uma força-tarefa de busca a fugitivos. Membros desse grupo estavam na área procurando alguém numa operação que não tinha nada a ver com Goodson.

​Duas semanas depois, Andre Hill, 47, foi morto com quatro tiros por um policial de Columbus que atendeu a um chamado sobre um veículo suspeito. Policiais chegaram para investigar o local e encontraram Hill. Um dos oficiais, Adam Coy, um ex-militar de 19 anos, disparou então em poucos segundos.

Coy, que foi demitido após o caso, foi acusado de homicídio doloso.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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