Salles diz a empresários que início de ações na Amazônia não está condicionado a investimento estrangeiro

Em reunião, ministros não antecipam valor do aporte que Bolsonaro deve anunciar na Cúpula do Clima

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Brasília

Em reunião virtual na manhã desta quarta-feira (21) com 27 empresários de diversos segmentos, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que o início das ações de preservação da Amazônia não está condicionado ao aporte de recursos estrangeiros.

O encontro, o segundo em dois dias, foi um pedido do presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, pois os empresários estão receosos quanto à mensagem que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) levará nesta quinta-feira (22) à Cúpula de Líderes sobre o Clima organizada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, no Palácio do Planalto
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira - 10.nov.20/Folhapress

Interlocutores do governo e do empresariado avaliaram a reunião como positiva. No dia anterior, houve participação de Bolsonaro na conversa, mas os representantes do PIB relataram terem saído no escuro sobre o que será apresentado pelo presidente na cúpula, num momento em que diversos setores, especialmente o agronegócio, temem ter prejuízos devido à imagem negativa do Brasil na área ambiental.

​Na reunião desta quarta, também participaram a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o diretor do Departamento de Meio Ambiente da Secretaria de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania do Ministério das Relações Exteriores, Leonardo Athayde.

O discurso de Bolsonaro não foi antecipado aos empresários, mas houve a sinalização de que a fala será na mesma linha da carta enviada pelo presidente brasileiro a Biden, tornada pública pelo Palácio do Planalto na semana passada. No documento, Bolsonaro pede ajuda internacional para alcançar metas de redução da emissão de carbono na atmosfera, mas recua do discurso de que os países precisam entregar os recursos antes de qualquer comprometimento do Brasil.

Nesta quarta, Salles disse que a meta de fim do desmatamento ilegal é 2030, mas que existe um plano de ação e que medidas serão tomadas imediatamente, ainda em 2021, com recursos já disponíveis —em áreas como vigilância e pagamentos de serviços ambientais. O ministro entende que, apenas com fiscalização, a população fica sem alternativa e atua na ilegalidade, algo que tem de ser combatido.

Os recursos deverão ser investidos na Força Nacional e em órgãos ambientais como Ibama e ICMBio, que assumirão em maio as funções que estão com as Forças Armadas há quase um ano. A GLO (Garantia da Lei e da Ordem), dispositivo que permite a atuação dos militares na Amazônia, entrou em vigor em maio do ano passado e foi prorrogada três vezes. O fim dela, por decreto, estava previsto para 30 de abril.

Também foi reforçado que o presidente deve anunciar recursos para a preservação da Amazônia, ainda que valores não tenham sido citados, o que deve se repetir no discurso desta quinta.

De acordo com relatos de participantes, a ministra da Agricultura salientou que o governo federal não é o único responsável pela região. Assim, foi sugerido aos empresários que também cobrem os governadores dos estados que compreendem a floresta amazônica por maior atuação, por exemplo, da Polícia Militar.

Ainda de acordo com quem acompanhou o encontro, os empresários solicitaram ao governo melhorias na comunicação, queixa que não se limita à área ambiental do governo. A Folha procurou Salles, Tereza Cristina e Skaf, mas eles não quiseram se manifestar publicamente sobre o encontro.​

Quem participou da reunião virtual desta quarta-feira (21):

Autoridades do governo federal

  • Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente
  • Tereza Cristina, ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
  • Leonardo Athayde, diretor do Departamento de Meio Ambiente da Secretaria de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania do Ministério das Relações Exteriores


Empresários

  • Paulo Skaf – FIESP/CIESP
  • Alexandre Negrão - Aeris
  • André Bier Gerdau Johannpeter - Gerdau
  • Carlos Alberto de Oliveira Andrade - CAOA
  • Dan Ioschpe - Ioschpe-Maxion
  • Edgard Corona - Bio Ritmo/Smart Fit
  • Eugênio De Zagottis - Raia Drogasil
  • Fernando Cestari de Rizzo - Tupy
  • Fernando Galletti de Queiroz - Minerva Foods
  • Flávio Rocha - Riachuelo
  • Francisco Gomes Neto - Embraer
  • Frank Geyer Abubakir - Unipar Carbocloro
  • Jerome Cadier - Latam
  • João Guilherme Sabino Ometto - São Martinho
  • Juliana Azevedo - Procter & Gamble
  • Lorival Nogueira Luz Junior - BRF
  • Marcelo Melchior - Nestlé
  • Marcos Lutz - Rumo
  • Paulo Sousa - Cargill
  • Ricardo Perez Botelho - Energisa
  • Roberto Fulcherberguer - Via Varejo S/A
  • Roberto Lopes Simões - Brasken
  • Rubens Menin - MRV
  • Rubens Ometto - Cosan
  • Salo Davi Seibel - Duratex
  • Victório de Marchi - Ambev
  • Wesley M. Batista Filho - JBS

Fonte: Fiesp

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