O Comitê Nacional de Greve, que representa parte dos manifestantes mobilizados há mais de um mês na Colômbia, anunciou a retirada de pelo menos 40 bloqueios de estradas como "um gesto de boa vontade", mostrando assim ao governo do presidente Iván Duque disposição para negociar.
"Nós não chamamos de bloqueios, chamamos de centros de resistência, e vamos retirá-los lentamente para mostrar que queremos negociar. Queremos que nossas propostas sejam levadas em consideração", disse Nelson Alarcón, um dos líderes do grupo.
O porta-voz da Presidência para o diálogo com os grevistas, Emilio Archila, porém, considerou a proposta inaceitável. "O fato de estarem bloqueando estradas, sejam quantas forem, é um delito e será tratado como tal. Não vamos aceitar medidas pela metade como se fossem concessões", afirmou à Blu Radio.
Integrantes do comitê dizem querer estabelecer um novo diálogo com o presidente, que condiciona a conversa ao restabelecimento do fluxo das estradas. Alarcón afirmou também que o desbloqueio parcial é um incentivo para que o governo deixe de manter tropas do Exército na repressão aos protestos.
Enquanto isso, novas manifestações estão marcadas para esta quarta-feira (2).
A Defensoria do Povo disse que a predisposição para retirar os bloqueios é positiva, mas que em algumas regiões os que foram mantidos seguem causando desabastecimento grave, principalmente no Valle del Cauca, cuja capital é Cali, e em Huila, Arauca, Norte de Santander, Nariño, Cundinamarca e Putumayo.
Na noite de sexta-feira (28), Duque determinou a mobilização de tropas militares em Cali, a terceira maior cidade da Colômbia, após violentos protestos deixarem ao menos 13 mortos durante o dia.
Neste mês de protestos morreram ao menos 49 pessoas, segundo a contagem oficial. O Ministério Público estabeleceu que pelo menos 17 casos têm vínculo direto com as manifestações, mas a ONG Human Rights Watch afirma ter denúncias sobre 63 óbitos, 28 dos quais relacionados com a crise.
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