Milhares protestam em dia que comemora fim da escravidão nos EUA

Marchas do 'Juneteenth' foram reforçadas por onda antirracismo que toma o país desde a morte de George Floyd

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Washington e Atlanta | Reuters e AFP

Milhares de pessoas marcharam contra a violência policial e outras formas de racismo em várias cidades dos EUA nesta sexta-feira (19), dia em que se comemora o fim da escravidão no país.

Neste ano, os protestos foram reforçados pelo movimento antirracismo que eclodiu após a morte violenta do negro George Floyd, prensado pelo joelho de um policial branco em Minneapolis, no dia 25 de maio.

A data, conhecida como Dia da Liberdade ou "Juneteenth" —combinação de "june" (junho) e "nineteenth" (décimo nono)—, marca o dia em que negros escravizados foram emancipados em 1865 no Texas, último estado a reconhecer a liberdade deles após mais de dois séculos de escravidão.

Em Nova York, mulher com máscara participa de marcha do "Juneteenth", data que comemora o fim da escravdão no Texas
Em Nova York, mulher com máscara participa de marcha do "Juneteenth", data que comemora o fim da escravdão no Texas - Brendan Mcdermid/Reuters

Apesar do cancelamento de eventos mais formais por causa das preocupações com a pandemia de coronavírus, ativistas organizaram marchas e caravanas de carros em Atlanta, Washington, Filadélfia, Nova York, Chicago e Los Angeles, entre outras cidades.

Em Atlanta, importante centro de movimentos pelos direitos civis nos anos 1960, cerca de mil pessoas se encontraram no parque olímpico para uma marcha pacífica até a sede do legislativo estadual.

Muitas carregavam cartazes com os dizeres “Black Lives Matter” (vidas negras importam) e “não consigo respirar”, frase dita por Floyd durante a abordagem violenta que sofreu.

Os manifestantes também protestam pela morte de Rayshard Brooks, no último dia 12, em Atlanta, por um policial branco que atirou em suas costas no estacionamento de um restaurante. Como em Minneapolis, o oficial foi demitido e acusado de assassinato.

Em Nova York, centenas de manifestantes, a maioria usando máscaras, protestaram em frente ao Brooklyn Museum.

Na Costa Oeste, trabalhadores decretaram paralisação de um dia em cerca de 30 portos. Centenas de manifestantes protestaram no porto de Oakland.

No Texas, o tradicional evento de "Juneteenth" no Houston's Emancipation Park, que costuma reunir cerca de 6.000 pessoas, será substituído por uma vigília online.

Nestes 155 anos do "Juneteenth", muitos eventos presenciais foram substituídos por fóruns virtuais, em meio ao "lockdown" por causa do coronavírus.

Grandes empresas americanas decretaram feriado pago neste ano, algumas pela primeira vez.

O presidente Donald Trump denunciou as mortes de Floyd e Brooks e a “injustiça inimaginável da escravidão”, mas com um forte discurso de “lei e ordem” e com críticas aos manifestantes.

O republicano havia marcado para esta sexta um grande ato de campanha em Tulsa, em Oklahoma, cidade onde ocorreu um dos piores distúrbios raciais da história americana, com o massacre de 300 negros por uma multidão branca em 1921.

Após a indignação de movimentos antirracismo, adiou o comício para sábado (20).

Nesta sexta, o presidente usou tom de ameaça no Twitter contra possíveis protestos durante o comício e fez críticas veladas à resposta dada aos atos em algumas cidades —todas elas governadas por prefeitos do Partido Democrata, de oposição a Trump.

"Quaisquer manifestantes, anarquistas, agitadores e saqueadores que estejam indo para Oklahoma, por favor, entendam que vocês não serão tratados como se estivessem em Nova York, Seattle ou Minneapolis. Será uma cena muito diferente!"

Os atos antirracismo começaram pacíficos, mas tiveram uma escalada de violência —com lojas saqueadas, carros incendiados e confrontos com a polícia—, gerando críticas duras aos ativistas.

As manifestações voltaram a ser pacíficas, entretanto, após a ampliação das acusações contra os policiais envolvidos na morte de Floyd e as propostas de reformas da polícia americana.

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