O presidente dos EUA, Joe Biden, chegou a um acordo com o premiê iraquiano, Mustafa al-Kadhimi, nesta segunda-feira (26) para encerrar formalmente a missão americana de combate no país até o fim de 2021, mais de 18 anos após as tropas desembarcarem no Oriente Médio.
O encerramento da operação, no entanto, não significa o fim da presença americana no país. Os EUA permanecerão no Iraque para treinar e aconselhar militares, o que significa uma pequena mudança de sua função atualmente, pois este já é o foco atual da missão.
“Nosso papel no Iraque será [...] estar disponível, continuar a treinar, a dar suporte, a ajudar e a lidar com o EI [Estado Islâmico] quando ele surgir”, explicou Biden em uma entrevista coletiva, reforçando que o país não estará presente em forma de uma missão de combate.
Atualmente, cerca de 2.500 soldados americanos estão no Iraque para combater o que ainda resta do EI. Apesar do anúncio da mudança, o presidente americano não deixou claro se haverá diminuição desse contingente.
Com a decisão, o democrata encerra as missões de combate de duas guerras iniciadas no mandato de George W. Bush —até o fim de agosto, as tropas americanas deixarão o Afeganistão.
A coalizão liderada pelos EUA invadiu o Iraque em março de 2003, a partir de acusações de que o governo do então líder do país, Saddam Hussein, possuía armas de destruição em massa. O ditador foi destituído, mas os armamentos nunca foram encontrados. Assim, nos últimos anos, a missão americana passou a ter como principal objetivo a luta contra o EI no Iraque e na vizinha Síria.
Antes da visita de Kadhimi a Biden —a primeira reunião presencial entre os dois líderes—, um alto funcionário do governo americano disse que ninguém declararia a missão como cumprida, já que o objetivo é manter a derrota do EI. A afirmação lembra o grande banner "Missão Cumprida" no porta-aviões onde Bush fez um discurso declarando as principais operações de combate no Iraque em 1º de maio de 2003.
O premiê iraquiano é visto como amigável aos EUA e tentou controlar o poder de milícias aliadas ao Irã. Seu governo, no entanto, condenou um ataque aéreo realizado por Washington no fim de junho na fronteira do Iraque com a Síria contra combatentes ligados ao Irã, descrevendo a empreitada como uma violação à soberania.
Espera-se que o comunicado da reunião detalhe ainda uma série de acordos não militares, relacionados a saúde, energia e outros assuntos. Os EUA planejam fornecer ao iraque 500 mil doses da vacina da Pfizer contra a Covid-19, dentro do Covax, iniciativa vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS) para a distribuição de doses a países em desenvolvimento. Biden afirmou que as injeções devem chegar nas próximas semanas.
O governo americano também planeja financiar uma missão da ONU para monitorar as eleições no país em outubro, com US$ 5,2 milhões (R$ 26,9 milhões).
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