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Confronto com 4 mortes em Caracas expõe racha entre ditadura e dissidentes dos 'coletivos'

Ex-reduto chavista, região oeste da capital venezuelana vê aumento recente da violência

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Buenos Aires

Um confronto entre forças de segurança e grupos criminosos nesta quinta (8) deixou quatro mortos em Caracas. O episódio é mais um capítulo do aumento recente da violência na zona oeste da capital venezuelana, região antes alinhada a Nicolás Maduro, mas onde o chavismo vem perdendo espaço.

O tiroteio foi travado entre agentes da Guarda Nacional Bolivariana e integrantes da gangue Cota 905, formada por criminosos e dissidentes dos chamados “coletivos” —espécie de força paramilitar que costumava ajudar a polícia e os militares a reprimir manifestações contra a ditadura venezuelana.

Membro da Guarda Nacional Bolivariana em área de confronto entre polícia e membros de gangue em Caracas
Membro da Guarda Nacional Bolivariana em área de confronto entre polícia e membros de gangue em Caracas - Yuri Cortez/AFP

As mortes ocorreram na praça Madariaga, no bairro de El Paraíso, onde também está localizado o Helicóide, prisão para onde são levados presos políticos do regime. Segundo o jornal Efecto Cocuyo, um civil foi morto durante uma emboscada enquanto tentava atravessar o bairro.

O Ministério do Interior da Venezuela confirmou que parte da região oeste de Caracas foi fechada para uma ação militar e que agentes foram enviados ao local. "Temos ali grupos estruturados de delinquentes organizados que pretendem acabar com a paz na cidade", disse a ministra Carmen Meléndez.

A Cota 905 e outras facções criminosas dominam essa região da capital, conhecida como “bairros vermelhos” —cor identificada com o chavismo—, e exigem de comerciantes e traficantes o pagamento de uma taxa de proteção. Há alguns meses, as forças de segurança passaram a realizar operações nesses locais para recuperar o controle e expulsar os bandidos. É em um desses "bairros vermelhos", o 23 de Enero, que estão os restos mortais de Hugo Chávez (1954-2013), antecessor de Maduro.

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Era também dessa região que costumavam sair as grandes manifestações de apoio a Chávez e, depois, ao atual líder do país. As marchas da oposição, por sua vez, atraíam moradores do lado leste da capital. Foi o que aconteceu durante a onda de protestos de 2014, por exemplo.

A divisão política acabava refletida, inclusive, na oferta de serviços públicos. A zona oeste, onde a popularidade do regime era maior, costumava ser mais bem atendida pelo programa de distribuição de cestas básicas, além de receber mais investimentos em obras viárias e dispor de coleta de lixo mais frequente. Já no lado oposto é comum a falta de energia.

Assim, para a oposição, a perda de apoio do chavismo na região tem gerado insatisfação social. “Ali temos instalada uma zona de guerra", afirmou nesta quinta o líder opositor Juan Guaidó. "Esses grupos foram armados e defendidos pela ditadura como zonas de paz para o controle social. Hoje eles são um descontrole total que arrisca a vida de todos e refletem o sequestro e a ausência do Estado no dia a dia."

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