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Justiça dos EUA determina primeira condenação criminal por invasão do Capitólio

Homem da Flórida deve cumprir 8 meses em regime fechado em julgamento que pode servir de base para outras condenações

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Washington | AFP e Reuters

O tribunal federal de Washington determinou uma sentença de oito meses a Paul Hodgkins, 38, por sua atuação na invasão do Capitólio em 6 de janeiro. O homem da Flórida é o primeiro envolvido a ser condenado criminalmente pelo ataque, e seu julgamento pode servir de base para outros casos.

Preso em 16 de fevereiro após ser denunciado, Hodgkins poderia enfrentar pena máxima de 20 anos na prisão, mas as diretrizes federais indicavam uma sentença na faixa de 15 a 21 meses. O acusado se declarou culpado por obstruir um procedimento oficial enquanto o Congresso americano certificava a eleição de Joe Biden como presidente do país, e a promotoria pediu uma sentença de 18 meses de prisão.

Apoiadores de Trump se reúnem em frente ao Congresso dos EUA
Apoiadores de Trump se reúnem em frente ao Congresso dos EUA - Leah Millis - 6.jan.21/Reuters

As imagens do ataque mostram o homem barbudo e de cabelos compridos, usando óculos de esqui no pescoço e carregando uma grande bandeira em apoio ao ex-presidente republicano. De acordo com os documentos do tribunal, Hodgkins entrou no Capitólio com uma mochila contendo óculos de proteção, corda e luvas de látex, entre outros itens. Ele conseguiu entrar na Câmara do Senado, onde uma fotografia foi tirada.

A acusação, no entanto, admitiu que Hodgkins "não participou pessoalmente da violência ou destruição de propriedade, nem causou a violência" e que "aceitou a responsabilidade muito cedo". Ele também passou menos de meia hora no Capitólio.

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Ao se declarar culpado, ele fez um acordo com a acusação, segundo o qual deveria pagar US$ 2.000 (R$ 10,4 mil) ao Departamento de Tesouro, de acordo com correspondência do Departamento de Justiça para o advogado do acusado, divulgada pelo Washington Post.

Na carta, procuradores federais afirmavam que o ataque ao Capitólio causou danos no valor de US$ 1,5 milhão (R$ 7,8 milhões) e indicaram que os acusados de participar da invasão seriam cobrados para pagar a conta. O texto não explicava como os investigadores chegaram ao montante milionário.

A invasão de 6 janeiro ocorreu durante a certificação da vitória de Biden. Milhares de seus apoiadores se reuniram em frente à Casa Branca no dia do ataque. Sem aceitar a derrota, o ex-presidente Donald Trump falou à multidão frases como "se vocês não lutarem para valer, vocês não terão mais um país", motivo pelo qual, para os democratas, não há dúvidas de que o ex-presidente insuflou o caos e a violência. Cinco pessoas morreram e dezenas de agentes ficaram feridos.

Acusado de incentivar uma insurreição, Trump foi alvo de um processo de impeachment —o segundo em seu mandato—, no qual foi absolvido pelo Senado em fevereiro devido à falta de votos do lado republicano. Mesmo os dirigentes do seu partido no Congresso, porém, admitem algum nível de responsabilidade do ex-presidente no ataque, mas argumentam que o Senado não tem competência para julgá-lo.

Desde 6 de janeiro, mais de 535 já foram presos em todo o país por participarem do ataque ao Congresso, e mais de 165 foram indiciados. Antes de Hodgkins, duas outras pessoas foram condenadas —ambas se declararam culpadas. Uma mulher recebeu pena de três anos de liberdade condicional, e um homem foi condenado a três meses de prisão, mas o prazo já estava coberto por sua detenção preventiva. Como este homem, também da Flórida, foi julgado por uma contravenção, Hodgkins se tornou o primeiro acusado a receber uma condenação por ter cometido um crime.

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