Após a morte do presidente do Haiti, Jovenel Moïse, o general Augusto Heleno, ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), disse nesta quarta (7) que a turbulência é o estado normal da política do país.
"Isso é muito desagradável. Mais um fato na história do Haiti, que é uma história muito conturbada desde a independência", afirmou Heleno, que, em 2004, foi o primeiro comandante da Minustah, missão da ONU (Organização das Nações Unidas) para pacificação do país.
O general da reserva concedeu entrevista à Rádio Bandeirantes na manhã desta quarta para tratar do assassinato de Moïse, morto a tiros por um grupo de agressores não identificados em sua residência privada durante a madrugada, segundo comunicado do primeiro-ministro interino, Claude Joseph.
"Já foi a quinta missão de paz em virtude da eterna turbulência, praticamente o estado normal da política haitiana", disse Heleno. Sem dar detalhes, Joseph informou que parte dos invasores falava espanhol, o que indicaria que eles não são haitianos —os idiomas oficiais do país são o francês e o crioulo. O ministro brasileiro, porém, minimizou essa questão e disse que muitas pessoas no Haiti falam mais de uma língua.
Ainda no campo da instabilidade no país, Heleno mencionou mobilizações por vacinas contra a Covid-19. "Essas manifestações a favor de vacina, acredito que tenham sido bastante numerosas, porque, na verdade, o Haiti é um dos poucos países do mundo que não vacinou."
O primeiro-ministro interino do Haiti fez um apelo à comunidade internacional para que investigue o assassinato do presidente e à Organização das Nações Unidas (ONU) para que convoque uma reunião do Conselho de Segurança, entidade responsável por conservar a paz mundial.
O ataque ocorreu em meio a uma onda crescente de violência ligada à crise política do país. Com o Haiti profundamente polarizado e enfrentando uma crise humanitária e escassez de alimentos, há temores de uma desordem generalizada. Nesta madrugada, houve relatos de tiros em toda a capital, Porto Príncipe.
No começo da manhã, forças de segurança montaram um sistema para controlar a circulação de pessoas nas ruas. Segundo a agência de notícias Reuters, o aeroporto internacional da cidade foi fechado, e a República Dominicana ordenou o bloqueio da fronteira que divide com o país.
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