Descrição de chapéu Belarus

Ativista antiditadura da Belarus é encontrado enforcado na Ucrânia

Exilado de 26 anos ajudava outros foragidos a encontrar moradia e trabalho e organizava manifestações contra o regime de Aleksandr Lukachenko

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Bruxelas

Um ativista belarusso que ajudava exilados de seu país natal na Ucrânia foi encontrado enforcado em um parque de Kiev, onde ele costumava correr, na manhã desta terça (3).

Vital Shyshou tinha 26 anos, dirigia a Casa Belarussa na capital ucraniana e estava desaparecido desde segunda (2). A polícia não descarta a hipótese de homicídio disfarçado como suicídio —segundo os investigadores, o jovem tinha escoriações no nariz e no joelho.

De acordo com a ONG que Shyshou dirigia, a entidade recebeu alertas sobre possíveis agressões por parte da ditadura, como sequestros ou até homicídio. Amigos também disseram que ele se sentia vigiado desde que deixou seu país natal, em outubro do ano passado.

Retratos de um moço de cabelos claros curtos, com velas acesas em frente
Homenagem ao ativista belarusso Vital Shyshou, perto da embaixada da Belarus na Ucrânia - Gleb Garanich - 3.ago.2021/Reuters

Belarussos que saíram do país após a escalada de repressão de Lukachenko viram na morte de Shyshou um recado para a dissidência no exílio.

"É preocupante que aqueles que fogem da Belarus ainda não possam estar seguros", disse em rede social a principal líder da oposição à ditadura, Svetlana Tikhanovskaia, que está na Lituânia.

Há pouco mais de dois meses, outro exilado da Belarus, o blogueiro Roman Protassevich, foi sequestrado e preso pelo regime, após indícios de que era espionado.

Um voo comercial em que o jornalista viajava da Grécia à Lituânia foi interceptado por um caça belarusso e forçado a pousar no aeroporto de Minsk, onde Protassevich foi detido.

Temendo destino semelhante, a velocista Kristina Tsimanouskaia, 24, que participava das Olimpíadas de Tóquio, se recusou a embarcar de volta para a Belarus.

São vários os casos de atletas que foram presos pelo regime do ditador Aleksandr Lukachenko desde a eleição presidencial de agosto do ano passado, considerada fraudada. O país tem ao menos 506 presos políticos, de acordo com levantamento desta terça da entidade de direitos humanos Viasna.

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Shyshou não era um ativista especialmente ativo até meados do ano passado, segundo a mídia de seu país. Nascido em Retchitsa, cidade de 66 mil habitantes no sudeste da Belarus, ele se mudou para o centro regional —Gomel—, onde trabalhava como freelancer em empresas de tecnologia da informação.

Órfão de pai e mãe, ele deixou a Belarus após o início da repressão da ditadura contra os protestos que pediam a renúncia de Lukachenko —mais de 30 mil foram detidos desde então e, mais recentemente, a ditadura passou a condenar seus opositores em processos criminais.

Em Kiev, além de ajudar foragidos belarussos a encontrar trabalho e emprego, ele organizava manifestações pacíficas para chamar a atenção da comunidade internacional para o colapso dos direitos civis na Belarus. Foi a partir de então que Shyshou ganhou visibilidade nas redes sociais.

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