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Justiça eleitoral da Nicarágua inabilita principal partido de oposição

Decisão também cancelou documento da presidente do Cidadãos pela Liberdade, que fica sujeita à deportação

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Manágua | AFP

O Conselho Supremo Eleitoral (CSE) da Nicarágua inabilitou nesta sexta-feira (6) o partido de direita Cidadãos pela Liberdade (CxL), que lidera uma aliança opositora contra a reeleição do ditador Daniel Ortega.

O CSE ordenou "cancelar a pessoa jurídica do partido político Cidadãos pela Liberdade", segundo resolução do tribunal, lida pelo secretário Luis Luna a meios de comunicação oficiais.

Presidente do partido Cidadãos pela Liberdade, Kitty Monterrey fala sobre detenção de dois correligionários em Manágua - 6.jul.21/AFP

A medida deixa o principal bloco da oposição fora das eleições gerais de 7 de novembro —em que Ortega, um ex-guerrilheiro de 75 anos que está no poder desde 2007, busca o quarto mandato consecutivo.

O CSE tomou a decisão horas depois que o também direitista Partido Liberal Constitucionalista (PLC), segunda força parlamentar e acusado de colaborar com o governo, alegou que o Cidadãos pela Liberdade estava agindo em desacordo com a lei.

A reclamação é que a presidente nacional e representante legal do partido, Kitty Monterrey, tem dupla nacionalidade (americana e nicaraguense), o que, segundo a denúncia é uma "notória violação da lei".

O tribunal eleitoral também cancelou o documento de identidade da presidente do CxL. Segundo o órgão, Monterrey “utilizou procedimentos irregulares” e “tem se portado fora das condições técnicas e regulamentares legais para esta classe de organização política”.

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O CxL denunciou a retirada da nacionalidade nicaraguense da presidente do partido a deixa como cidadã americana e sujeita à deportação.

Diretores e membros da aliança opositora temem ser detidos na onda de prisões que acontece no país às vésperas das eleições. Trinta e um líderes opositores, entre eles sete candidatos à Presidência, foram presos desde junho, a maioria acusada de "traição à pátria".

Pouco depois de a Justiça eleitoral ter inabilitado o CxL, o candidato à presidência pelo PLC, o empresário Milton Arcia, anunciou que estudava renunciar à candidatura, em protesto contra a atuação de seu partido, fundado pelo ex-presidente Arnoldo Alemán (1997 -2002).

"Estou assustado com o que está acontecendo. Gosto da democracia e queria que todos nós competíssemos", declarou.

A comunidade internacional vem condenando as violações de direitos humanos na Nicarágua.

A Anistia Internacional considerou que o regime "não apenas não dá ouvidos à comunidade internacional, mas também a desafia com novas violações dos direitos humanos".

Já o Departamento de Estado americano chamou as detenções de "campanha contínua de terror" e disse que os EUA vão usar todas as ferramentas diplomáticas e econômicas disponíveis para promover eleições justas.

Na semana passada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se posicionou pela primeira vez em relação à ditadura na Nicarágua e aconselhou o ditador Daniel Ortega a “não abrir mão” da democracia, em entrevista a uma TV mexicana.

“Se eu pudesse dar um conselho ao Daniel Ortega, daria a ele e a qualquer outro presidente. Não abra mão da democracia. Não deixe de defender a liberdade de imprensa, de comunicação, de expressão, porque isso é o que favorece a democracia”, disse à jornalista Sabrina Berman, do Canal Onze do México.

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