Descrição de chapéu refugiados

Biden descreve violência contra haitianos na fronteira como 'ultrajante' e promete consequências

Presidente diz que assume responsabilidade por crise migratória; EUA dizem que acampamento sob ponte foi esvaziado

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Washington | Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, descreveu como "ultrajantes" e "uma vergonha para a nação" as cenas violentas em que agentes de fronteira montados a cavalo usam rédeas para ameaçar imigrantes haitianos.

A jornalistas nesta sexta-feira (24), na Casa Branca, Biden disse que o tratamento severo acarretará consequências aos agentes, mas sem dar detalhes.

"Prometo a vocês que essas pessoas vão pagar", afirmou o democrata, acrescentando que, em última instância, é o responsável pelo cenário de crise que se instalou na fronteira. "Eu assumo a responsabilidade, sou presidente."

Agente de fronteira montado a cavalo usa rédea como chicote para deter migrante haitiano - Paul Ratje - 19.set.21/AFP

O secretário de Segurança Interna dos EUA, Alejandro Mayorkas, lançou uma investigação sobre o episódio no início da semana, depois que as imagens viralizaram e ilustraram a dificuldade do atual governo em cumprir a promessa de ter uma "abordagem mais humana" aos migrantes em situação irregular.

Segundo Mayorkas —primeiro latino a chefiar o departamento americano responsável pela imigração—, os agentes envolvidos no caso foram afastados de suas funções na linha de frente da fronteira e incumbidos apenas de tarefas administrativas. De acordo com ele, os resultados da apuração sobre o caso serão públicos.

Além disso, a patrulha fronteiriça dos EUA deixou de usar cavalos nas operações com migrantes nos arredores de Del Rio. ​

"Quero garantir a vocês que estamos lidando com isso com velocidade e força tremendas", disse o secretário, na última quarta-feira (22), acrescentando que as ações violentas foram recebidas com horror porque não representam os EUA como nação.

A cidade texana de Del Rio está recebendo um fluxo maciço de pessoas que querem cruzar a fronteira, com milhares de haitianos abrigados em um acampamento sob a ponte que liga os EUA ao município mexicano de Ciudad Acuña.

No último fim de semana, o local chegou a atingir o pico de 14 mil pessoas, segundo o Acnur, a agência da ONU para refugiados. Os grupos ocuparam uma área de floresta, e algumas famílias construíram barracas improvisadas com galhos e folhas, sofrendo com comida escassa e falta de banheiros.

O enviado especial dos Estados Unidos para o Haiti, Daniel Foote, renunciou ao cargo na quarta-feira (22) alegando que não quer ser associado às decisões do governo Biden e descrevendo como "desumana" e "contraproducente" a conduta de Washington diante da crise migratória.

Nesta sexta, Mayorkas ainda disse que o acampamento sob a ponte em Del Rio foi esvaziado. Segundo ele, 8.000 haitianos decidiram voluntariamente voltar ao México, e 12,4 mil terão seus pedidos de refúgio analisados por juízes de imigração nos EUA.

O secretário afirmou que o fluxo de pessoas chegando a um mesmo ponto, na cidade texana, foi sem precedentes e que a administração Biden avalia que o Haiti tem capacidade de receber os deportados.

Desde o último domingo, ao menos 2.000 haitianos detidos pelos agentes de fronteira foram mandados de volta, segundo Mayorkas, em 17 voos com destino a Porto Príncipe e Cap-Haitien. Recém-chegados ao seu país de origem, envolto em múltiplas crises, esses grupos recebem uma pequena quantia em dinheiro, kits básicos de higiene e uma rápida avaliação médica. São, então, deixados à própria sorte.

Em meio a esse cenário, uma das hipóteses aventadas pelos americanos é pedir auxílio para países como Brasil e Chile para receber parte dos migrantes haitianos. O tema foi tratado em reunião entre o secretário de Estado, Antony Blinken, e o chanceler brasileiro, Carlos França, após a Assembleia-Geral da ONU.

Acampamento sob ponte em Del Rio, no Texas

Carregando imagens...

Imagens feitas com drone mostram o acampamento, com migrantes em sua maioria haitianos, nos dias 18 e 24 de setembro - Adrees Latif/Reuters

Segundo a agência de notícias Reuters, o Brasil recebeu um pedido formal da Organização Internacional para as Migrações (OIM) para acolher parte dos acampados em Del Rio —vários deles já têm passagem pelo país, mas decidiram tentar entrar nos EUA em busca de melhores condições.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirmou que "o tema foi discutido em conversas entre autoridades de diversos países e está sendo analisado à luz da legislação em vigor", sem mencionar o pedido da OIM.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.