Descrição de chapéu talibã Ásia

Celebração do Talibã deixa 17 mortos; aeroporto de Cabul reabre para voos internos

Grupo extremista diz ter conquistado última região do Afeganistão que não estava sob seu domínio

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Dubai e Cabul | Reuters e AFP

Fechado desde terça-feira (31), um dia depois de os Estados Unidos completarem a retirada de suas tropas do Afeganistão, o aeroporto de Cabul foi reaberto neste sábado (4) para receber ajuda humanitária e realizar viagens internas, de acordo com o canal de TV Al Jazeera.

Uma equipe enviada pelo Qatar fez reparos na pista do aeroporto nos últimos dias, permitindo que dois voos partissem da capital afegã para as cidades de Mazar-i-Sharif e Kandahar.

Principal portão do aeroporto internacional Hamid Karzai, em Cabul, fechado para a manutenção de aeronaves
Principal portão do aeroporto internacional Hamid Karzai, em Cabul, fechado para a manutenção de aeronaves - West Asia News Agency - 4.set.21/Reuters

A saída americana ocorreu em meio à rápida tomada do poder no Afeganistão pelo grupo radical islâmico Talibã. Mesmo que os EUA tenham retirado mais de 120 mil pessoas do país em duas semanas, outros milhares que queriam fugir, com medo da vida sob o domínio dos extremistas, foram deixados para trás.

Na sexta (3), combatentes da facção disseram ter conquistado a área do país que ainda não estava sob seu controle, o vale de Panjshir, uma região a 100 km da capital que tradicionalmente concentra forças anti-Talibã. Porém, Ali Maisam Nazary, um porta-voz da resistência que estaria fora do vale, mas em contato com o líder principal, Ahmad Massoud, afirmou que os combates seguem intensos.

A Frente Nacional de Resistência, formada por milícias e antigas forças de segurança afegãs, têm grandes reservas de armas no vale, que, de acordo com vídeos em contas pró-Talibã no Twitter, foram tomadas.

Ainda que líderes da resistência neguem terem sido derrotados, membros do grupo agora de volta ao poder comemoraram a suposta conquista com disparos de armas de fogo para o alto em Cabul. A celebração terminou, segundo uma agência de notícias local e a Tolo News, principal TV do país, com 17 pessoas mortas e 41 feridos, o que gerou críticas do principal porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid.

"Evite atirar para o alto e agradeça a Deus", disse ele em uma rede social. "As balas podem ferir civis, então não atire desnecessariamente." A declaração de Mujahid está alinhada às promessas de moderação da facção extremista, numa tentativa de parecer mais palatável às nações estrangeiras, sobretudo as ocidentais, uma vez que, para gerir o país e conseguir ajuda, o Talibã necessitará de apoio internacional.

Mesmo antes da conquista do grupo extremista, o Afeganistão já era muito dependente da ajuda externa, com 40% de seu PIB vindo de financiamento internacional. A ONU alertou que há 18 milhões de pessoas à beira de um desastre humanitário e que esse número pode dobrar rapidamente.

Enquanto a maioria da comunidade internacional é cautelosa, há alguns indícios de interação. A China confirmou que manterá aberta sua embaixada em Cabul e investirá na melhora das relações, a depender de "uma política interna e externa moderada" e do rompimento "com todos os grupos terroristas".

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, por sua vez, anunciou na sexta que viajará na próxima semana ao Qatar para conversas sobre a crise afegã. O secretário também irá à Alemanha para organizar, com seu homólogo alemão, Heiko Maas, uma reunião virtual de 20 nações sobre o Afeganistão.

Já os países da União Europeia (UE) decidiram se coordenar para manter uma presença em Cabul, para facilitar a retirada daqueles que desejam sair do país, caso as condições de segurança permitam.

As Nações Unidas anunciaram a retomada de seus voos humanitários com destino a algumas cidades do país, enquanto os Emirados Árabes Unidos enviaram um avião com "ajuda médica e alimentar urgente".

A expectativa era a de que o Talibã divulgasse na sexta a formação do novo governo. O anúncio do gabinete, que o Talibã promete ser representativo e tolerante, no entanto, não deve acontecer até ao menos este sábado (4), de acordo com um porta-voz do movimento à agência de notícias AFP.

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