Descrição de chapéu refugiados

Papa se reúne com Orbán e pede aos húngaros 'abertura' a estrangeiros

Francisco presidiu missa de encerramento de um congresso durante curta visita a Budapeste

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Budapeste e Bratislava | Reuters e AFP

O papa Francisco afirmou neste domingo (12), durante uma curta passagem pela Hungria, que o país pode preservar suas raízes cristãs enquanto dá abertura aos necessitados.

A declaração vem na contramão da posição radical do premiê Viktor Orbán sobre imigração e em relação aos refugiados da guerra civil síria, a quem já chamou de "invasores muçulmanos".

Papa Francisco, usando vestes amarelo claras, fala em um palco em com ajuda de um microfone
Francisco durante missa em Budapeste, na Hungria - Bernadett Szabo/Reuters

Francisco, em sua primeira viagem internacional desde que passou por uma cirurgia no intestino, no começo de julho, e ficou dez dias internado, reuniu-se pela manhã com o premiê, antes de presidir a missa de encerramento de um congresso religioso internacional durante a visita de sete horas a Budapeste.

O Vaticano disse que o encontro durou 40 minutos, foi cordial e que, entre os vários temas discutidos, estavam o papel da igreja no país, o compromisso com a proteção ambiental e a promoção da família.

Já em seu discurso no encerramento do congresso com uma missa para dezenas de milhares de pessoas, o papa se referiu à Hungria como uma nação "apegada às suas raízes" e que deveria ser aberta a todos.

“A cruz, conectada ao chão, não só nos convida a estar enraizados, mas também estende seus braços a todos”, disse ele na cerimônia após a missa, à qual Orbán compareceu. "Meu desejo é que vocês sejam assim: ancorados e abertos, enraizados e respeitosos."

Em um encontro com bispos húngaros, o papa voltou a defender o acolhimento de imigrantes e pediu que os religiosos valorizem a diversidade, segundo o jornal americano The New York Times.

"O país de vocês é um lugar no qual pessoas de outros povos por muito tempo viveram juntos. Numerosas etnias, minorias, religiões e migrações transformaram este país num ambiente multicultural. A diversidade sempre provoca medo, porque coloca em risco a segurança adquirida e perturba a estabilidade."

Assim, acrescentou, há uma oportunidade para alcançar a fraternidade. "Podemos ter duas reações frente à diversidade cultural, étnica, política e religiosa: fechar-nos em uma defesa rígida da nossa suposta identidade ou nos abrir ao encontro dos outros e cultivar juntos o sonho de uma sociedade fraterna."

Francisco muitas vezes se manifestou sobre o que vê como um ressurgimento de movimentos nacionalistas e populistas, pedindo unidade à Europa e criticando os países que tentam resolver a crise migratória com ações unilaterais ou isolacionistas. Orbán, que exacerba o nacionalismo, disse por outro lado durante o Fórum Estratégico de Bled, na Eslovênia, na semana passada, que a única solução para a migração era a União Europeia "devolver todos os direitos aos estados".

O premiê se coloca como um defensor dos valores cristãos e estreitou laços com correntes tradicionalistas da Igreja Católica, muitas das quais críticas ao atual papa. Logo após o encontro com o líder religioso, Orbán publicou fotos do evento em sua página no Facebook, na qual disse que pediu ao papa que "não permita que o cristianismo húngaro morra". Segundo a imprensa húngara, o primeiro-ministro entregou a Francisco uma cópia de uma carta enviada por um rei húngaro no século 13 ao papa da época em que pedia que a igreja enviasse ajuda para conter uma invasão mongol.

Mais tarde no domingo, Francisco chegou à Eslováquia, onde fará uma visita mais longa, passando por quatro cidades, antes de retornar a Roma na quarta-feira (15). A curta duração de sua estadia em Budapeste levou diplomatas e a mídia católica a sugerir que o papa estava dando prioridade à Eslováquia.

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