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Ao menos 11 presos já foram encontrados mortos quase 1 mês após rebelião no Equador

Motim em presídio de Guayaquil no fim de setembro deixou 119 vítimas

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Quito | AFP

Desde que uma rebelião na Penitenciária do Litoral de Guayaquil, no Equador, deixou 119 mortos há quase um mês, mais 11 presidiários foram encontrados sem vida no local.

Sete deles foram descobertos suspensos no mesmo pavilhão do motim, segundo divulgou a agência responsável pelas prisões no país (SNAI) neste sábado (23), em sua conta no Twitter. Já os outros quatro corpos foram encontrados na semana passada, e a SNAI trata esses casos como supostos suicídios.

Após rebelião, detentos do presídio em Guayaquil exibem cartazes que dizem 'queremos paz', 'a lei está nos matando' e 'paz, não à violência'
Após rebelião, detentos do presídio em Guayaquil exibem cartazes que dizem 'queremos paz', 'a lei está nos matando' e 'paz, não à violência' - Vicente Gaibor del Pino - 2.out.21/Reuters

O órgão penitenciário destacou que oferece facilidades à polícia e ao Ministério Público para a apuração do caso, mas não forneceu mais informações sobre a situação.

A sangrenta rebelião estourou no dia 28 de setembro, com confrontos entre membros de diferentes cartéis na disputa pelo controle do presídio, segundo o Ministério Público local. Os detentos também reagiram à iniciativa do governo de transferir os chefes das organizações criminosas para outras penitenciárias na região central do país, informou o órgão.

Pelo menos seis dos mortos foram decapitados, em cenas que lembram as registradas nas rebeliões em presídios do Norte e do Nordeste do Brasil em janeiro de 2017. Na ocasião, disputas de facções criminosas pelo controle das rotas de tráfico no país deixaram centenas de mortos em penitenciárias.

As prisões equatorianas têm capacidade para 30.000 pessoas, mas são ocupadas por 39.000, com superlotação de 30%. No dia seguinte ao massacre, o governo do presidente Guillermo Lasso decretou estado de exceção apenas para o sistema penitenciário, o que permitiu mobilizar 3.600 militares e policiais para os 65 presídios do país.

O Equador enfrenta uma escalada da criminalidade devido ao tráfico de drogas, com quase 1.900 mortes este ano, sendo Guayaquil a cidade mais afetada pela violência. Essa situação levou Lasso a decretar estado de exceção em todo o país por 60 dias na segunda-feira (18), ordenando que os militares fossem às ruas patrulhar e fazer buscas.

O presidente passa por uma crise política e tem sofrido sucessivas derrotas no Legislativo. O presidente equatoriano é investigado por suposta fraude fiscal após virem à tona informações da investigação Pandora Papers, que mostram que ele controlou 14 sociedades offshore –empresas abertas em outros países–, a maioria com sede no Panamá.

Além da Procuradoria-Geral, a Assembleia Nacional também investiga o caso. Lasso chegou a ser convocado pela Casa duas vezes para esclarecimentos, mas não compareceu às sessões, afirmando que os documentos fornecidos por sua assessoria já são suficientes para embasar a defesa.

O equatoriano também chegou a ameaçar a adoção do mecanismo conhecido como "morte cruzada", por meio do qual a Assembleia Nacional seria dissolvida, e Lasso governaria por meio de decreto até a convocação de novas eleições gerais —incluindo para a Presidência.

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