Descrição de chapéu oriente médio

Líbano prende 19 pessoas após ataque que deixou 7 mortos em Beirute

Vítimas foram enterradas em meio à tensão política, que fez libaneses se lembrarem da guerra civil

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Beirute (Líbano) | AFP e Reuters

O governo do Líbano prendeu 19 pessoas após o ataque que deixou ao menos sete mortos em Beirute na quinta (14), segundo uma agência de notícias estatal. Nesta sexta houve a confirmação da sétima vítima.

Os enterros foram acompanhados por centenas de pessoas, em meio à tensão provocada por um dos confrontos mais violentos em anos e que reacendeu o temor de uma guerra civil.

Apoiadores do Hizbullah carregam caixão de vítima de ataque em Beirute
Apoiadores do Hizbullah carregam caixão de vítima de ataque em Beirute - Ibrahim Amro/AFP

Seis dos sete mortos pertenciam a dois movimentos xiitas, o Hizbullah e seu aliado Amal. Os grupos organizaram na quinta um ato em frente ao Palácio de Justiça para exigir a troca do juiz Tareq Bitar, responsável pela investigação do caso da explosão no porto da capital que deixou mais de 200 mortos.

O magistrado chegou a emitir mandados de prisão para congressistas que têm se recusado a depor. Segundo a apuração, autoridades sabiam que as enormes quantidades de nitrato de amônio que explodiram no porto estavam armazenadas havia anos sem as condições de segurança necessárias.

As circunstâncias exatas do confronto de quinta-feira continuam confusas. O Exército mencionou "tiroteios quando os manifestantes seguiam para um protesto diante do Palácio de Justiça". Já o ministro do Interior, Bassam Mawlawi, afirmou que "franco-atiradores" abriram fogo contra os manifestantes.

Nesta sexta, em um discurso durante o funeral de dois membros do Hizbullah nos subúrbios de Beirute, Hasehm Safieddine, alto funcionário do grupo, acusou o partido cristão Forças Libanesas de ter "provocado deliberadamente um massacre", com o objetivo de desencadear "uma nova guerra civil".

Centenas de pessoas compareceram aos funerais das vítimas, cujos caixões estavam cobertos pela bandeira amarela do movimento xiita. O Amal, por sua vez, enterrou três de seus membros, entre os quais um jovem de 26 anos, em um funeral realizado em outra cidade.

A sétima vítima é uma mãe de cinco filhos que morreu ao ser atingida por uma bala perdida em casa.

As formações xiitas acusam a sigla Forças Libanesas de ter posicionado, nos telhados de edifícios próximos ao Palácio de Justiça, franco-atiradores, que teriam aberto fogo contra os manifestantes que se aproximavam dos bairros cristãos vizinhos.

O partido negou as acusações, exigiu uma investigação oficial e acusou o Hizbullah de "invasão" a regiões de maioria cristã. O protesto aconteceu nos arredores da antiga linha de demarcação, vigente durante a guerra civil (1975-1990), entre os bairros muçulmanos e cristãos de Beirute.

Nesta sexta, moradores e comerciantes calculavam os estragos e coletavam os vidros quebrados. "Voltamos para 1975", disse o vendedor de carros Fawzi Saghir.

O ataque gerou reação internacional. A Rússia pediu moderação às forças políticas no Líbano, assim como a França, e o governo dos EUA expressou apoio "à independência do Poder Judiciário" no Líbano.

O Brasil, em nota divulgada no final da noite desta sexta, disse que "acompanha com preocupação os graves atos de violência registrados". O governo reiterou apoio para "restabelecer a calma e a segurança na capital pela via do diálogo e do entendimento" e afirmou que não há brasileiros entre os feridos.

O porta-voz da ONU Stéphane Dujarric fez um apelo em que pediu o "fim dos atos de provocação". Também defendeu uma "investigação imparcial" da explosão do porto.

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