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Sociais-democratas, liberais e Verdes avançam para formar governo na Alemanha

Anúncio, feito três semanas após eleição, eleva chances de que sucessor de Merkel tome posse antes do fim do ano

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Bruxelas

Menos de um mês após a eleição que marcou a derrota na Alemanha da União (CDU-CSU), partido da primeira-ministra Angela Merkel, a sigla social-democrata SPD deve iniciar negociações formais com os Verdes e o liberal FDP na próxima semana para formar um novo governo.

O anúncio foi feito em comunicado conjunto nesta sexta (15). Uma decisão final ainda depende de aprovação dos membros dos Verdes e do FDP, segundo a agência de notícias alemã DPA, mas essa deve ser apenas uma etapa formal.

Se as negociações forem bem-sucedidas, o social-democrata Olaf Scholz, 63, deve se tornar o próximo primeiro-ministro da Alemanha. Atual vice-premiê e ministro das Finanças de Merkel, ele liderou a campanha vitoriosa do SPD, que obteve 25,7% dos votos, 1,6 ponto percentual à frente da União.

Mulher de cabelos castanhos escuros curtos se prepara para pôr máscara, homem careca pega máscara no bolso e homem de cabelos loiros escuros abotoa paletó, todos em pé atrás de microfones, todos de ternos pretos e camisa branca, em frente a parede branca
A colíder dos Verdes Annalena Baerbock, o ministro das Finanças, Olaf Scholz, do SPD, e o líder do liberal FDP, Christian Lindner, deixam local em que anunciaram que pretendem começar negociações formais para um novo governo na Alemanha - Christof Stache/AFP

A votação deu aos sociais-democratas 206 assentos no Bundestag (Câmara dos Deputados). Com os 118 eleitos pelos Verdes e os 92 deputados liberais, a coalizão chega a 416 cadeiras —a maioria exigida nesta legislatura é 368 deputados.

Batizada, neste caso, de Semáforo —devido às cores das agremiações: vermelho do SPD, amarelo dos liberais e verde dos ambientalistas—, a coligação será a primeira formada por três partidos na história pós-guerra da Alemanha.

No comunicado, os partidos afirmam que as conversas preliminares foram marcadas por “confiança e respeito” e que estão certos de que podem chegar a um acordo “ambicioso e viável” para um novo governo.

Entre os pontos em que já há acordo, segundo o comunicado, está a eliminação até 2030 do uso de carvão para gerar energia —uma antecipação de oito anos em relação ao plano inicial.

"Isso requer a expansão maciça das energias renováveis ​​e a construção de modernas usinas movidas a gás para atender à crescente demanda por eletricidade e energia na próxima década a preços competitivos", afirma o texto.

Também serão implantados programas para que todos os telhados tenham painéis solares e ampliada a construção de parques eólicos. O tempo para licenciamento de geradoras de fonte renovável será reduzido à metade, de acordo com o compromisso.

"Um novo começo é possível com três partidos se unindo", disse Scholz em entrevista, acrescentando que cortes de impostos para pessoas de renda mais baixa e melhores salários são pontos cruciais para ele.

O liberal Christian Lindner também exaltou a possível coalizão. "Se partidos tão diferentes entre si podem chegar a um acordo sobre desafios e soluções, isso sinaliza uma oportunidade de união também para o país."

Merkel, por sua vez, afirmou em Bruxelas que vislumbra a nova coalizão que a sucederá como um governo pró-Europa. "Isso é uma mensagem importante para os parceiros da União Europeia", destacou.

Após obter seu pior resultado na história recente alemã, a CDU, partido da atual primeira-ministra, decidiu renovar sua liderança. Merkel, que já havia anunciado em 2018 sua saída do governo, fica no cargo até que um novo premiê seja eleito pelos deputados.

Caso isso aconteça após o dia 19 de dezembro, ela baterá o recorde de seu padrinho político Helmut Kohl e se tornará a pessoa que por mais tempo liderou a Alemanha no período pós-guerra.

Negociações para coligações podem levar vários meses no país, mas o anúncio desta sexta indica que a conversa entre os três partidos está mais avançada que o previsto e aumenta as chances de que um novo governo seja empossado antes do final do ano.

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