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Áustria decreta lockdown para não vacinados ante piora da Covid na Europa

Continente volta a ser epicentro da pandemia; Holanda e Alemanha também aumentaram restrições

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São Paulo

A Áustria anunciou neste domingo (14) que vai estabelecer um lockdown para pessoas não vacinadas contra Covid-19, que só poderão sair de casa para atividades essenciais. A medida começará a valer nesta segunda-feira (15) e é uma tentativa de conter uma nova onda de infecções no país, que atingiu um patamar recorde –a quarta maior taxa de novos casos do mundo.

É o primeiro país europeu a retomar um confinamento rígido, nos mesmos moldes dos que eram aplicados antes do início da vacinação, apesar de desta vez afetar uma minoria da população. Mas não é o único a apertar o cerco para tentar lidar com o aumento de casos e mortes, que voltou a colocar a Europa como epicentro da pandemia.

Manifestantes antivacina se reúnem em ato em praça de Viena; um deles carrega cartaz com a frase 'não à vacinação compulsória' - Gerog Hochmuth - 14.nov.21/AFP

A Holanda também voltou a adotar medidas mais rígidas de isolamento social, anunciadas na última sexta (12), mas, diferentemente da Áustria, valem para toda a população,. Desde sábado, restaurantes, lojas e supermercados passaram a fechar mais cedo, em princípio por um período de três semanas.

Na Alemanha, o governo de Berlim impediu desde a última quinta-feira (11) a entrada de pessoas não vacinadas em espaços como restaurantes, museus e cinemas. Outras regiões do país estudam seguir a capital, e três secretários de saúde estaduais pediram que o governo prolongue o poder dos estados de implementar medidas como fechamentos de escolas e bloqueios em vias públicas.

Os três países fazem parte da lista mais recente do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) de nações da União Europeia onde a situação de saúde é classificada como preocupante ou muito preocupante devido às infecções por Covid-19.

A Holanda está entre os dez com cenário mais grave, junto com Bélgica, Polônia, Bulgária, Croácia, República Tcheca, Estônia, Grécia, Hungria e Eslovênia. A Áustria e a Alemanha estão na categoria seguinte, de situação preocupante, que inclui também Dinamarca, Finlândia, Irlanda, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Romênia e Eslováquia.

"A situação epidemiológica na União Europeia é caracterizada por um aumento rápido e significativo dos casos e uma taxa de mortalidade fraca, mas lentamente crescente", resumiu a agência de saúde com sede em Estocolmo na sexta. "Casos, internações e mortalidade devem aumentar nas próximas duas semanas", alerta.

Apenas três países do bloco estão na categoria de "preocupação moderada" (França, Portugal, Chipre) e quatro na categoria de "preocupação fraca" (Itália, Espanha, Suécia e Malta).

Governos e empresas temem que a pandemia prolongada atrapalhe uma frágil recuperação econômica.

A Europa é responsável por mais da metade da média móvel de casos mundial e por cerca de metade das últimas mortes, de acordo com uma contagem da agência Reuters. É o pior momento do continente desde abril do ano passado, quando o vírus estava em seu pico inicial na Itália.

Na Áustria, cerca de 65% da população recebeu as duas doses da vacina, percentual inferior à média europeia, que é de 67%, e longe de países como Espanha (79%) e França (75%).

O chanceler austríaco, Alexander Schallenberg, considerou o índice "vergonhosamente baixo" ao anunciar na sexta o plano de confinamento e disse que dois terços das pessoas não deveriam sofrer porque os outros estão hesitantes em relação à imunização.

Na semana passada, os não vacinados foram banidos de lugares como teatros, estações de esqui, restaurantes e hotéis. Agora, eles só poderão sair de casa por motivos essenciais –fazer compras, praticar atividades físicas ou receber atendimento médico. A medida se aplica a todos nesta situação a partir dos 12 anos.

Neste domingo, formaram-se filas em centros de vacinação, mas também houve protesto contra o lockdown seletivo. O ceticismo em relação às vacinas é encorajado pelo Partido da Liberdade (FPO), de ultradireita, o terceiro maior do parlamento.

O governo diz que haverá blitze policiais nas ruas e multas de 1.450 euros (o equivalente a R$ 9.000) para quem desrespeitar a medida. "A partir de amanhã, todo cidadão que mora na Áustria deve estar ciente que poderá ser fiscalizado pela polícia", disse o ministro do Interior, Karl Nehammer. O governo avaliará os resultados das restrições em um prazo de dez dias.

Com quase 10 milhões de habitantes, a Áustria registrou no sábado mais de 13 mil novos casos de Covid-19, o maior número de contágios desde o início da pandemia.

A vizinha Alemanha classificou a Áustria como área de alto risco, o que obriga às pessoas que vêm de lá a fazer uma quarentena, um baque para a indústria do turismo de inverno austríaca.

Mas o governo alemão também precisa lidar com o recorde de casos em seu território e marcou uma reunião na próxima semana com líderes dos 16 estados do país para discutir o aumento das restrições.

O número de casos por 100 mil habitantes na semana passada subiu para 277,4, ultrapassando a marca de 500 em algumas regiões do país.

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