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Justiça argentina retira acusação contra Cristina Kirchner em ação por lavagem de dinheiro

Vice-presidente tem se livrado de acusações, mas ainda responde a 3 processos

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Buenos Aires | AFP

A Justiça argentina retirou as acusações contra a vice-presidente do país, Cristina Kirchner, e seus dois filhos, Florencia e Máximo, em um processo que investigava a família por suposta lavagem de dinheiro, de acordo com decisão divulgada nesta sexta-feira (26).

Um tribunal federal considerou que o processo não tinha respaldo para ser levado a julgamento. A medida atinge também os outros seis citados na ação judicial. Ainda cabe recurso da decisão.

A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, à frente dos seus filhos Florencia e Màximo - Daniel Garcia - 10.dez.2011/AFP

Cristina e família eram investigados em dois escândalos, batizados de Hotesur e Los Sauces, que tratavam do suposto superfaturamento em licitações de obras públicas na província de Santa Cruz e do possível pagamento de subornos por meio de falsas reservas em hotéis pertencentes à família Kirchner.

Segundo a acusação do caso Hotesur, uma empresa sem experiência no ramo hoteleiro do empresário Lázaro Báez, pivô de outras acusações a Cristina, receberia fundos de propina para gerenciar empreendimentos dos Kirchner, nos quais fazia falsas reservas para dar aparência de legalidade ao dinheiro.

Na do caso de Los Sauces, que foi unificado ao processo do Hotesur na Justiça, a ex-presidente e hoje vice era acusada de executar, de 2009 a 2016, um esquema em que propina era lavada na forma de pagamento de aluguéis de apartamentos, em um escândalo que também envolveria Báez.

Apesar dos pedidos da promotoria para levar o caso a julgamento, dois dos três juízes do tribunal entenderam que não há provas para acusar Cristina de lavagem de dinheiro.

Aos 68 anos, a ex-presidente do país se livrou de várias ações de suspeitas de crimes ocorridos em seus dois mandatos presidenciais (2007-2015), mas ainda responde a cinco processos.

A última dessas decisões foi o arquivamento, em outubro, do caso em que ela foi acusada de encobrir acusados de envolvimento com o atentado contra a associação judaica Amia, em 1994, em Buenos Aires —o episódio teve 85 mortos e 300 feridos.

A ação contra Cristina e vários de seus funcionários foi aberta pelo já falecido promotor Alberto Nisman. Para ele, ao assinar em 2015 o Memorando com o Irã para interrogar fora da Argentina os acusados, a então presidente tentava livrar ex-autoridades iranianas de acusações em troca de benefícios comerciais.

O tribunal, no entanto, teve uma interpretação diferente. "O memorando, independentemente de ser considerado um acerto ou um erro político, não constituiu um crime nem um ato de acobertamento", assinalou em sua decisão.

A autoria do ataque de 1994 foi atribuída a governantes iranianos, liderados pelo então presidente do país, Ali Rafsanjani. O episódio, até hoje, não gerou condenações, e o memorando, assinado em 2013 com aval do Congresso argentino, nunca foi ratificado pelo Legislativo em Teerã.

Nisman indiciou Cristina em janeiro de 2015, quando ela cumpria o último ano de seu segundo mandato como presidente. Dias depois, quando seria interrogado no Congresso, ele foi encontrado em sua casa morto com um tiro na cabeça. O caso chocou o país e levantou suspeitas de que o promotor teria sido assassinado.

Assim como até hoje não se sabe quem atacou a Amia —a maior suspeita recai sobre o grupo libanês Hizbullah com apoio do Irã— nem a razão, tampouco é conhecido o contexto da morte de Nisman.

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