Descrição de chapéu União Europeia

Premiê da Alemanha se encontra com Macron em 1ª viagem após assumir cargo

Olaf Scholz se reuniu com líder francês para discutir temas como força da União Europeia e energia nuclear

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Paris | Reuters

Em sua primeira viagem internacional como o novo premiê da Alemanha, Olaf Scholz foi a Paris se encontrar com o presidente da França, Emmanuel Macron, nesta sexta-feira (10).

No encontro de tom amistoso, os líderes buscaram minimizar as diferenças entre os países, particularmente em discussões sobre reforma das regras orçamentárias da União Europeia (UE) e sobre os investimentos verdes que são uma das prioridades do novo governo alemão.

Scholz tomou posse como premiê na quarta-feira (8), encerrando a era de 16 anos em que Angela Merkel esteve à frente da maior economia da Europa. Macron tinha uma boa relação com a líder alemã, mas a mudança no comando, segundo analistas, oferece ao francês uma oportunidade de assumir um papel ainda mais importante na relação com o país vizinho.

O presidente da França, Emmanuel Macron, recebe o premiê da Alemanha, Olaf Scholz, no Palácio do Eliseu, em Paris - Gao Jing - 10.dez.21/Xinhua

"Durante os últimos quatro anos, trabalhei com Angela Merkel em todos esses assuntos", disse Macron a Scholz, durante uma entrevista coletiva conjunta. "Sei que vamos continuar juntos, querido Olaf, nessa colaboração próxima."

Mais reservado, Scholz explicou que os dois conversaram sobre como trabalhar juntos para tornar a Europa mais forte. A rara coalizão tripla que permitiu que o novo premiê fosse eleito tem como uma de suas principais bandeiras a defesa mais assertiva dos interesses da UE no cenário internacional.

Ao chegar ao Palácio do Eliseu, sede da Presidência da França, os dois líderes se cumprimentaram com um soquinho, e Macron seguiu dando tapinhas nas costas do alemão conforme eles subiam as escadarias do prédio em Paris.

Apesar da relação amigável com Merkel, Macron tinha alguns pontos de divergência com o governo da Alemanha. Os principais dizem respeito à política externa dos dois países. A França não vê com bons olhos, por exemplo, a importação alemã de gás russo —quando estiver em operação, o gasoduto Nord Stream 2 aumentará a dependência europeia do combustível produzido pelo país de Vladimir Putin.

Paris e Berlim também discordam com frequência sobre a disciplina fiscal dos países-membros da UE. Na reta final de seu governo, Merkel rompeu uma tradição alemã ao apoiar um esforço sem precedentes que aumentou a dívida do bloco europeu para dar suporte aos Estados durante a pandemia de coronavírus.

Como líder da maior economia da UE, Scholz tem grande poder de influência nas decisões, e Macron, cujo país assume a presidência rotativa do bloco em 1º de janeiro, estuda formas de fazer avançar suas prioridades com o apoio do alemão. Para isso, referiu-se, por exemplo, à vivência que teve com Merkel, ao dizer que ela "ensinou muito" ao "presidente impetuoso" que ele foi no início de seu governo.

Mais uma vez, Scholz adotou um tom mais reservado —e negociador. "Estou confiante que podemos resolver os problemas que temos pela frente juntos e que podemos continuar a permitir o crescimento que fomentamos com o fundo de recuperação", disse o premiê, aludindo ao pacote de 750 bilhões de euros aprovados pela UE para a retomada econômica pós-Covid.

Ele também afirmou que o bloco será capaz de restaurar a economia sem abrir mão das garantias das finanças sólidas. "É possível alcançar ambos ao mesmo tempo, eles não são opostos."

Macron e Scholz concordaram em expressar apoio à Ucrânia —atualmente sob ameaça de invasão russa— mas discordaram também sobre a energia nuclear. Enquanto o francês quer construir novos reatores em seu país, os planos da Alemanha estão bem estabelecidos. Como o acordo da coalizão de Scholz não faz menção direta ao tema, Macron vê aí uma brecha para possíveis concessões.

Questionado sobre o tema nesta sexta, Scholz tergiversou. Um jornalista perguntou se o premiê rotularia a energia nuclear como um modelo sustentável. A resposta fez jus ao apelido que o alemão recebeu de parte da imprensa, que o chamava de "candidato Teflon".

"Está muito claro que cada país segue sua própria estratégia de combate às mudanças climáticas causadas pelo homem. O que nos une é que reconhecemos essa responsabilidade e somos ambiciosos", afirmou o premiê. "A Alemanha decidiu que vai apostar na expansão da energia renovável."

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