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França proíbe embalagens plásticas para frutas e legumes a fim de reduzir lixo

Projeto também veta queima e destruição de itens industrializados que encalharem nas lojas

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RFI

A partir deste sábado (1º), está proibida na França a venda de frutas e legumes em embalagens plásticas. Esta é mais uma medida tomada pelo governo para reduzir a produção de resíduos plásticos no país.

Com a decisão, legumes como pepinos ou brócolis não poderão mais ser vendidos nos supermercados embrulhados em celofane. As frutas, como maçãs ou kiwis, não poderão ser vendidas em sacos ou recipientes de plástico.

Pessoa anda por meio de lixo plástico qna costa da Indonésia
Pessoa anda por meio de lixo plástico na costa da Indonésia - Willy Kurniawan/Reuters

A medida deve mudar a venda de cerca de 30 tipos de frutas e legumes, comercializados principalmente por grandes distribuidores. De acordo com a fundação Heinrich Boll, 37% das frutas e dos legumes consumidos na França são embalados em plástico.

A decisão faz parte da lei antirresíduos aprovada no início de 2020, que, entre outras medidas, proibiu a venda ou a entrega de talheres e copos de plástico descartável.

Mudança para papel

A indústria alimentícia teve dois anos para se adaptar à nova regra. A empresa Lou Légumes, que produz 8.000 toneladas de cogumelos por ano na Bretanha (oeste da França), teve que reorganizar toda a cadeia para mudar sua embalagem.

"Os cogumelos são um produto muito úmido, por isso fizemos três anos de testes até encontrar uma bandeja de papelão apropriada", explica Emmanuelle Roze, diretora do negócio familiar.

"O papelão é quatro vezes mais volumoso. Nossos cogumelos são colhidos e colocados diretamente nas bandejas. Portanto, fomos forçados a mudar nosso método de coleta de cogumelos. Temos um aumento no custo de embalagem, temos um aumento no custo de mão de obra e isso ainda não acabou, porque temos que encontrar uma solução para remover o plástico-filme que está lá."

As multas para quem não respeitar a regra podem chegar a 15 mil euros (R$ 95 mil).

A mudança gerou protestos em setores ligados ao hortifrúti. "Nunca fomos consultados", afirmou à agência de notícias AFP Laurent Grandin, presidente da Interfel, associação do setor de frutas e vegetais na França.

Os custos, segundo o dirigente, são "intransponíveis" para pequenas empresas, que terão de continuar a usar o plástico para proteger as exportações, especialmente para o Reino Unido, um dos principais clientes de safras de maçã.

A empresa Pomanjou, que produz até 40 mil toneladas de maçãs por ano no vale do Loire, lançou embalagens 100% de papelão nos últimos três anos. No entanto, os custos com embalagens aumentaram entre 20% e 30%, segundo seu representante, Arnaud de Puineuf.

O grande grupo de supermercados Casino, por sua vez, disse que agora vai vender tomates em embalagens de papelão e fornecer aos clientes sacos de papel ou celulose.

O decreto presidencial, no entanto, abre exceções: os produtos vendidos em embalagens com mais de 1,5 kg poderão continuar a usar plástico. Frutas sensíveis, que precisam de proteção extra, como amoras, também estarão isentas da medida agora.

Nesses casos, a indústria vai ganhar um prazo extra para se adaptar que pode ir até 2026, segundo o jornal econômico JDD.

Fim da destruição de produtos encalhados

Neste início de ano, uma outra regra da lei antirresíduos entra em vigor na França: a proibição da destruição de produtos não vendidos.

Com isso, as empresas não poderão mais queimar ou destruir roupas, móveis, brinquedos e produtos de higiene que não conseguiram vender. Prática conhecida nos momentos de troca de coleção, por exemplo, para evitar a perda de valor do mercado.

A medida tem o objetivo de evitar desperdícios, mas pode incentivar doações para associações que ajudam pessoas carentes.

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