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Exemplo da Ucrânia reforça movimento da China por Taiwan

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Igor Patrick
Pequim

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Um conselheiro político de alto nível na China sugeriu que o país aprove uma lei punindo qualquer pessoa ou instituição que "viole a responsabilidade [chinesa] em promover a reunificação" com Taiwan.

O discurso aconteceu durante as Duas Sessões, o mais importante evento legislativo chinês.

De acordo com o South China Morning Post, Zhang Lianqi, membro do Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), afirmou que a situação atual está se desenvolvendo rumo a um cenário em que a reunificação poderia acontecer "legalmente, de forma pacífica ou não".

Uma lei do tipo seria um complemento a uma parecida, aprovada em 2005. À época, o texto estipulava que Pequim poderia tomar a ilha à força se necessário, especialmente em caso de uma declaração unilateral de independência.

Taiwan, aliás, parece estar no centro das atenções nas Duas Sessões deste ano.

  • O premiê chinês, Li Keqiang, fez um longo discurso, no sábado (5), em que criticou os paralelos traçados por analistas e pela imprensa entre Ucrânia e Taiwan;
  • Ele afirmou que Pequim não aceitará "incentivos dos EUA" para uma independência taiwanesa e que qualquer movimentação neste sentido traria "sérias consequências" aos americanos.
Manifestantes em Taipei, em Taiwan, protestam contra a Guerra da Ucrânia - REUTERS

Por que importa: as razões do conflito entre Moscou e Kiev podem ser completamente distintas da confusão histórica entre Taiwan e China, mas o mundo certamente estará prestando atenção na forma como Pequim se relaciona com a ilha a partir de agora.

  • Um Ocidente fraco na defesa da Ucrânia mostraria aos chineses que EUA e aliados não falam sério quando dizem que poderiam defender militarmente Taiwan;
  • Uma resposta firme de Washington a Moscou, porém, não faria os chineses abrirem mão do território, mas alertaria sobre as consequências ao crescimento econômico e prosperidade no longo prazo.

O que também importa

A China estaria se recusando a fornecer peças para aeronaves russas após Boeing e Airbus interromperem o envio de componentes para Moscou.

Em entrevista à agência Interfax, um funcionário responsável pela manutenção de aviões russos disse que o país recebeu negativas de fornecedores chineses ao tentar mapear opções.

Pressionada por sanções, a Rússia não é autossuficiente na produção dessas peças. Sem elas, aviões civis podem parar de operar por questões de segurança. Com os acessos ao mercado americano e canadense fechados e sem a China, a Rosaviatsia (equivalente à Anac) estaria tentando recorrer à Turquia e à Índia para manter a aviação funcionando.

Pequim não comentou a reportagem até o momento.

O Supremo Tribunal Popular da China (equivalente ao nosso STF) defendeu que crimes graves envolvendo "tratamento cruel" a mulheres, crianças e idosos sejam punidos com uma sentença de morte.

De acordo com Zhou Qiang, chefe da corte, a pena capital precisa ser aplicada "de forma consistente contra crimes que violam seriamente a segurança pública" ou que "violem a linha legal e moral".

A declaração é provavelmente uma reação à grande polêmica envolvendo uma mulher traficada na província de Jiangsu em fevereiro.

Um vídeo publicado na internet mostra a vítima sem dentes e com roupas finas, acorrentada por um pescoço em um galpão. Internautas descobriram que ela tinha sido vendida pela família ainda nova, mas a polícia local minimizou o caso, levando à fúria nas redes sociais.

Fique de olho

Aprovada para uso emergencial desde o mês passado, a pílula desenvolvida pela Pfizer para o tratamento caseiro de Covid pode estar próxima de chegar ao mercado chinês. A empresa estatal Meheco Corp anunciou que foi autorizada a fornecer o medicamento durante todo o ano de 2022 para pacientes no país. Inicialmente, apenas pessoas com alto risco para a doença receberão os comprimidos: idosos, enfermos com problemas renais, doenças cardiovasculares ou pulmonares crônicas, diabéticos e imunossuprimidos.

Por que importa: usando vacinas consideradas pouco eficazes para a prevenção de casos contra a Covid, a China vem se digladiando para encontrar opções viáveis à atual estratégia de zerar os casos. Com a variante ômicron, oficiais governamentais parecem inclinados a flexibilizar aos poucos a tolerância a pequenos surtos da doença. Para isso, ter um tratamento relativamente barato que funcione em casa e evite hospitalizações será vital quando o país decidir conviver com o vírus.

para ir a fundo

  • Quem entrar nas redes sociais chinesas neste momento pode acreditar que a maioria dos chineses está apoiando a Rússia na guerra contra a Ucrânia. O South China Morning Post mostra nesta reportagem, porém, que vozes contrárias ao conflito podem estar sendo censuradas. (paywall poroso, em inglês)
  • Os chamados token não fungíveis (ou NFTs) estão revolucionando o mercado de arte ao digitalizar um hábito comum entre colecionadores: a compra da exclusividade sobre uma obra. Este artigo do Sixth Tone analisa esta tendência na China pelas lentes do maior artista do gênero no país, Song Ting (gratuito, em inglês)
  • No ano passado, a China iniciou uma grande reforma educacional com o objetivo de nivelar a competição e aliviar a pressão sobre estudantes em um ambiente cada vez mais competitivo. O SupChina destaca uma das consequências da nova política: professores estão cada vez mais estressados e abarrotados de trabalho (gratuito, em inglês)
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