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O conflito entre Rússia e Ucrânia entrou em seu 15º dia sem avanço nas negociações. Desta vez, o diálogo foi travado na Turquia e reuniu a alta diplomacia das duas nações: o chanceler russo Serguei Lavrov e o ucraniano Dmitro Kuleb.
Apesar de não ter culminado num acordo de paz, a reunião joga luz sobre o papel de outros países na mediação do conflito e a quem se alinham. Enquanto alguns lados estão claros nesse xadrez, uma importante nação faz acenos dúbios e cautelosos: a China.
- Pequim prega "moderação máxima" no conflito e se recusa a condenar a investida de Putin na área da antiga nação soviética;
- Ao mesmo tempo, defende a soberania e a integridade territorial dos países. Esses princípios norteiam sua relação com Taiwan, cujo território a China considera como seu.
Para explicar os sinais da China em relação à guerra, convidamos o jornalista Igor Patrick, que está em Pequim e escreve no blog China, terra do meio (e na newsletter semanal que você pode assinar aqui).
Como o governo chinês reage à guerra? Vez ou outra, os porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores pedem moderação e continuidade dos diálogos de paz, aproveitando para acusar os Estados Unidos de "colocar lenha na fogueira". A China também já se declarou contrária a sanções unilaterais à Rússia e é pouquíssimo provável que faça qualquer movimento para isolar Moscou neste momento.
Com postura dúbia em relação ao conflito, os chineses tentam se cacifar como mediadores entre a Rússia e o Ocidente.
Como está a relação hoje da China com a Rússia? Atualmente, é excelente a relação de Xi Jinping com Vladimir Putin. A cooperação entre eles vem em uma tendência crescente desde pelo menos 2015 e, na ocasião da visita do chefe de Estado russo a Pequim durante a abertura das Olimpíadas de Inverno em fevereiro, Xi chegou a dizer que "não há limites ou temas proibidos na cooperação sino-russa".
Como a mídia chinesa cobre o evento? Há censuras ao termo "guerra" como houve na Rússia? Não há uma censura explícita ao termo guerra, embora a imprensa tenha preferido usar "conflito na Ucrânia" na maioria das vezes. A palavra "invasão", porém, não é utilizada em nenhum momento.
Todos os veículos de imprensa seguem a linha editorial da Xinhua, a agência de notícias estatal controlada pelo Partido Comunista.
Em uma mensagem que vazou, um editor da agência escreveu que os jornalistas tinham sido orientados a "apoiar a Rússia com suporte emocional e moral, evitando pisar no calos dos Estados Unidos e da União Europeia", já que "no futuro, a China também precisará da compreensão e do apoio da Rússia ao lutar com a América para resolver a questão de Taiwan".
Mais sobre o tema: a colunista Tatiana Prazeres, que escreve semanalmente na Folha, analisa os riscos para a China de sua posição em relação à guerra na Ucrânia.
"Conflito na Ucrânia pode provocar reconfiguração geopolítica desfavorável a Pequim. O cenário muda se país fizer mediação", escreve.
Não se perca
O que aconteceu
- Putin anunciou corredor humanitário diário para a Rússia sem combinar com a Ucrânia;
- Ministério da Defesa da Rússia negou bombardeio a maternidade de Mariupol;
- Avião da FAB com 68 brasileiros e estrangeiros vindos da Ucrânia chegou a Brasília;
Siga as atualizações em tempo real e leia o que se sabe até agora sobre a guerra.
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