Os rebeldes houthis, do Iêmen, afirmaram neste sábado (26) que irão suspender ataques com mísseis e drones na Arábia Saudita por três dias. O movimento se dá um dia depois de o grupo assumir a autoria de um atentado a uma refinaria na Arábia Saudita a cerca de 10 km de onde acontece, neste domingo (27), uma prova da F1.
Segundo os houthis, a iniciativa pode se tornar um compromisso duradouro caso a coalizão liderada pela Arábia Saudita que atua no Iêmen interrompa ataques aéreos e restrições portuárias.
O anúncio também menciona a suspensão de ofensivas terrestres no Iêmen por três dias, inclusive na região produtora de gás de Marib, segundo afirmou Mahdi al-Mashat, chefe do departamento político dos houthis, em discurso transmitido pela televisão.
"Esse é um sinal sincero acompanhado de medidas práticas para reconstruir a confiança e levar todos os lados da arena das negociações para a arena das ações", disse Mashat.
Neste domingo (27), um acordo de troca de prisioneiros foi acertado entre as duas partes, de acordo com autoridades houthis –que afirmam também que a ação, que acontece sob orientação da ONU, pode libertar o irmão do presidente iemenita e um ex-ministro da Defesa.
As iniciativas se dão em um momento em que a guerra entre o grupo rebelde alinhado ao Irã e a coalizão liderada pela Arábia Saudita entra em seu oitavo ano, com a piora da violência nos últimos meses. O conflito matou dezenas de milhares de pessoas, a maioria civis, e fez com que milhões enfrentassem fome e doenças.
Paralelamente, as Nações Unidas também tentam garantir uma trégua temporária para abarcar o mês sagrado muçulmano do Ramadã, que começa em abril.
Neste sábado, a coalizão liderada por Riad realizou ofensivas aéreas nos portos marítimos de Hodeidah e Salif, controlados pelos houthis, um dia depois que o grupo lançar ataques à Arábia Saudita —incluindo em uma instalação de petróleo em Jidá.
A refinaria de petróleo alvo do atentado é da Saudi Aramco, principal patrocinadora do GP local de F1. O ataque com foguetes e drones causou um incêndio na instalação, próxima ao circuito de Jidá —de onde era possível ver uma nuvem de fumaça se alastrando pelo céu da cidade. O treino deste sábado aconteceu normalmente
No ano passado, a coalizão liderada pela Arábia Saudita propôs de forma unilateral um cessar-fogo, rejeitado pelos houthis sob o argumento que a situação humanitária e a reabertura dos portos precisavam ser trabalhadas antes de qualquer conversa de paz.
A guerra do Iêmen é vista como uma batalha por procuração entre a Arábia Saudita, país muçulmano sunita, e o Irã, xiita. A coalizão liderada por Riad interveio no Iêmen em março de 2015, depois que os houthis derrubaram o governo apoiado pelos sauditas.
Os rebeldes, por sua vez, dizem que estão lutando contra um sistema corrupto e contra a agressão estrangeira.
A guerra civil do Iêmen já deixou mais de 10 mil crianças iemenitas mortas ou mutiladas, segundo o Unicef (fundo da ONU para a infância).
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