Vaticano diz que seu representante na Nicarágua foi expulso pelo ditador Daniel Ortega

Núncio Waldemar Stanislaw Sommertag foi forçado a sair imediatamente do país, segundo comunicado

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Roma | AFP

O Vaticano afirmou neste sábado (12) que a ditadura de Daniel Ortega expulsou da Nicarágua seu núncio apostólico em Manágua —espécie de embaixador da Santa Sé. O monsenhor Waldemar Stanislaw Sommertag deixou o país no último domingo —a informação obtida pela AFP por uma fonte diplomática.

Em seu comunicado, o Vaticano disse ter recebido "com surpresa e dor" a notificação de que o regime havia retirado seu consentimento a seu representante, "forçando-o a deixar o país imediatamente". ​

O núncio apostólico Stanislaw Waldemar Sommertag, que chegou à Nicarágua em 2018, quando uma onda de protestos anti-regime tomou as ruas do país
O núncio apostólico Stanislaw Waldemar Sommertag, que chegou à Nicarágua em 2018, quando uma onda de protestos anti-regime tomou as ruas do país - Maynor Valenzuela - 4.abr.19/AFP

De nacionalidade polonesa, Sommertag chegou a Manágua em maio de 2018, quando o país foi atingido por grandes protestos anti-regime, nos quais a Igreja Católica atuou como mediadora e que foram seguidos por uma escalada de autoritarismo por parte da ditadura.

As relações entre Ortega e os bispos católicos são tensas desde então. O partido no poder acusa o clero de ter conspirado com seus opositores para um "golpe", como descreve nas manifestações.

O núncio do Vaticano em Manágua participou como testemunha da segunda etapa de um diálogo realizado em 2019, que foi suspenso sem resultados. O presidente da Conferência Episcopal da Nicarágua, Dom Carlos Herrera, afirmou na última terça-feira (8) ao Canal 10 que as relações "não eram boas" entre Sommertag e o regime de Ortega e que o papa Francisco provavelmente pediria sua renúncia.

A Santa Sé qualificou a decisão de "incompreensível" e disse que "esta grave e injustificada decisão unilateral não reflete os sentimentos do povo da Nicarágua, profundamente cristão".

Mais de 40 críticos da ditadura foram presos na Nicarágua entre junho e dezembro de 2021, incluindo sete potenciais rivais de Ortega em uma eleição de fachada, que o levou a um quarto mandato. Somam-se a esse grupo outras 120 pessoas presas por participarem dos protestos de 2018.

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