Ao menos 6 pessoas foram mortas e 11 ficaram feridas nesta terça-feira (19) em duas explosões em uma escola para meninos em Cabul, capital do Afeganistão. O ataque aconteceu num bairro cuja população majoritária é formada pela comunidade xiita hazara, grupo perseguido há anos no país, de maioria sunita.
Duas bombas de fabricação caseira explodiram diante da escola Abdul Rahim Shahid, no bairro de Dasht-e-Barshi, e uma terceira explosão aconteceu em uma escola de inglês na mesma região, afirmou a polícia.
As explosões ocorreram no momento em que as crianças deixavam as aulas, segundo uma testemunha. Imagens em redes sociais mostram corpos na entrada do local, livros queimados e mochilas espalhadas pela rua. Os feridos foram levados a hospitais, e os talibãs impediram a aproximação dos jornalistas.
O número de ataques desse tipo no Afeganistão caiu desde a tomada de poder pelo grupo radical, em agosto do ano passado, com a retirada total das tropas americanas após 20 anos de ocupação no país.
Os ataques executados nos últimos meses foram reivindicados em sua maioria pelo grupo Estado Islâmico Khorasan (EI Khorasan), braço afegão da organização terrorista que se notabilizou no Iraque e na Síria.
Os talibãs dizem ter derrotado o grupo, mas analistas consideram que a facção continua sendo a maior ameaça ao atual governo do Afeganistão. O bairro de Dasht-e-Barshi já foi alvo de vários ataques reivindicados pelo EI Khorasan, que considera os hazaras hereges.
Em maio de 2021, várias explosões foram registradas diante de uma escola feminina no mesmo bairro: 85 pessoas morreram, a maioria alunas, e mais de 300 ficaram feridas. Uma primeira bomba explodiu do lado de fora do colégio e depois mais duas explodiram quando as estudantes tentavam fugir do local.
Em outubro de 2020, outro ataque contra uma escola deixou 24 mortos na mesma área. Em maio de 2020, no mesmo bairro, homens armados atacaram uma maternidade administrada pela ONG Médicos Sem Fronteiras e mataram 25 pessoas, incluindo 16 mulheres, algumas delas em trabalho de parto.
O EI Khorasan é suspeito de executar os três atentados.
Por anos, porém, os próprios talibãs também atacaram afegãos xiitas da comunidade hazara, que representa entre 10% e 20% da população do país de quase 40 milhões de habitantes.
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