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Pequim confina mais prédios para conter Covid, e em Xangai cresce revolta por lockdown

Capital chinesa intensifica rastreamento para cercar disseminação do vírus, que permanece na casa das dezenas

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Pequim e Xangai | Reuters

Pequim fechou mais locais comerciais e complexos residenciais nesta sexta-feira (29) e intensificou o rastreamento de contatos para conter um surto de Covid-19, enquanto em Xangai, a maior cidade do país, cresce a insatisfação da população com um estrito lockdown que já dura um mês.

As autoridades da capital correm para detectar casos e isolar quem teve contato com pessoas afetadas pela doença. Uma placa do lado de fora de um complexo residencial dizia: "Entrada apenas. Sem saída".

Funcionário instala barreira para isolar complexo residencial em Pequim
Funcionário instala barreira para isolar complexo residencial em Pequim - Carlos Garcia Rawlins/Reuters

A polonesa Joanna Szklarska, 51, foi enviada a um hotel de quarentena como contato próximo de alguém que teve teste positivo, mas se recusou a dividir o quarto, que tinha apenas uma cama, com a vizinha.

Ela foi mandada de volta para casa, e as autoridades instalaram um alarme na sua porta da frente. Em seguida, foi chamada de volta ao hotel, onde agora tem seu próprio dormitório. "Nada faz sentido aqui."

Em entrevista coletiva, autoridades de saúde chinesas não responderam se Pequim entrará em lockdown ou quais circunstâncias podem levar a essa medida. Em Xangai, moradores protestam contra o bloqueio e as dificuldades para obter suprimentos batendo panelas à noite, segundo uma testemunha relatou à agência Reuters.

Um vídeo compartilhado nas redes sociais, cuja autenticidade não pôde ser verificada, mostra uma mulher alertando, por meio de um alto-falante, para as pessoas não se manifestarem, dizendo que a revolta era incentivada por "indivíduos de fora". O governo de Xangai não respondeu a um pedido de comentário.

As severas restrições na China parecem surreais para muitas partes do mundo, onde se optou por conviver com o vírus. E os sinais frequentes de frustração são desconfortáveis ​​para o Partido Comunista, especialmente pois o líder Xi Jinping tenta garantir um terceiro mandato no outono do Hemisfério Norte.

O grupo financeiro Nomura estima que 46 cidades estão hoje em lockdown total ou parcial, medidas que afetam 343 milhões de pessoas. Segundo o banco francês Société Générale, as províncias com restrições significativas de mobilidade respondem por 80% da produção econômica da China. Os novos casos em Pequim estão na casa das dezenas, segundo autoridades nesta sexta, longe dos números de Xangai.

Testes em massa

Chaoyang, o primeiro distrito da capital chinesa a passar por testes em massa nesta semana, iniciou a última das três rodadas de triagem entre seus 3,5 milhões de habitantes nesta sexta-feira. A maioria dos outros distritos deve fazer sua terceira rodada de testes no sábado.

Mais blocos de apartamentos foram fechados, impedindo a saída dos moradores, e alguns spas, academias, cinemas, bibliotecas e pelo menos dois shopping centers fecharam.

Pessoas que visitaram recentemente locais em áreas que as autoridades declararam como "de risco" receberam mensagens de texto dizendo-lhes para não saírem até receberem os resultados dos testes.

"Olá, cidadãos! Vocês visitaram recentemente a loja de macarrão de carne bovina e frango refogado na comunidade de Guanghui Li", dizia um desses textos. "Por favor, reporte-se ao seu complexo ou hotel imediatamente, fique parado e aguarde a notificação do teste de ácido nucleico. Se você violar os requisitos acima e fizer com que a epidemia se espalhe, terá responsabilidade legal."

O feriado do Dia do Trabalho, de 30 de abril a 4 de maio, é uma das temporadas turísticas mais movimentadas da China, e a indústria de viagens está sofrendo perdas.

As empresas que reabrem suas fábricas em Xangai estão reservando quartos de hotel para abrigar trabalhadores e transformando escritórios vagos em instalações de isolamento no local.

Cada vez mais estrangeiros querem sair da cidade mais cosmopolita da China continental.

As autoridades afirmaram que mais pessoas foram gradualmente autorizadas a deixar suas casas recentemente. Mais de 12 milhões, quase metade da população, estão agora nessa categoria.

Ainda assim, muitos não podem sair de seus complexos residenciais, e aqueles que podem têm poucos lugares para ir, já que lojas e outros comércios estão fechados. Mais de 52 mil policiais foram mobilizados para fiscalizar o lockdown, e muitas vezes eles pedem às pessoas nas ruas que retornem para suas casas.

Moradores reclamaram do policiamento inflexível, dizendo que as regras não consideram emergências de saúde ou outras circunstâncias individuais. Shu Qing, chefe da Secretaria Municipal de Segurança Pública da cidade, admitiu que há "deficiências". "Alguns policiais individuais são emocionais ou mecânicos."

Economia

Em resposta à pandemia e a outros percalços, a China aumentará o apoio político à economia, afirmou um importante órgão decisório do Partido Comunista nesta sexta-feira. Os detalhes são escassos, mas analistas dizem que pode haver uma mudança no atual foco total do regime na pandemia.

"Agora, o objetivo é equilibrar a contenção de surtos e o crescimento econômico", disse Zhiwei Zhang, presidente da Pinpoint Asset Management, que espera uma contração da economia da China no segundo trimestre. "O governo pode ajustar a política de 'tolerância zero' para permitir alguma flexibilidade."

As autoridades chinesas dizem que combater o vírus é vital para salvar vidas.

"A batalha contra a pandemia de Covid é uma guerra, uma guerra de resistência, uma guerra popular", disse Liang Wannian, chefe do painel de resposta à doença da Comissão Nacional de Saúde.

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