Descrição de chapéu Governo Biden

Biden visita escola de massacre no Texas, e governo diz que revisará atuação da polícia

Presidente e primeira-dama foram a Uvalde, onde 19 crianças e duas professores foram assassinadas por atirador de 18 anos

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Uvalde (Texas) | Reuters

O presidente dos EUA, Joe Biden, desembarcou neste domingo (29) em Uvalde, no Texas, para se reunir com as famílias afetadas pelo pior massacre em uma escola de ensino infantil no país em uma década.

Trata-se da terceira viagem presidencial do democrata a um local de ataque a tiros em massa. No início do mês, ele esteve na cidade de Buffalo, no estado de Nova York, onde um atirador de 18 anos de idade matou dez pessoas negras dentro de um supermercado, em um atentado com motivação racista.

O presidente americano, Joe Biden, com a mulher, Jill Biden, em um memorial para os mortos no massacre da Elementary School em Uvalde, Texas - Mandel Ngan/AFP

Em Uvalde, Biden e a primeira-dama, Jill, visitaram um memorial para as vítimas e deixaram rosas brancas na placa da escola de ensino fundamental Robb, na qual um atirador matou 19 alunos e duas professoras no dia 24. O agressor, Salvador Ramos, 18, usava um fuzil AR-15. Antes, ele disparou contra a avó.

O casal Biden também assistiu a uma missa na igreja católica do Sagrado Coração e se encontrou com parentes das vítimas, além de sobreviventes e socorristas. Ao sair da missa, uma multidão do lado de fora gritou "faça alguma coisa". "Nós vamos", respondeu o democrata. Pouco depois da chegada do presidente a Uvalde, o Departamento de Justiça americano anunciou que fará uma revisão dos procedimentos da polícia no ataque, que vem sendo questionada por ter demorado a agir contra o atirador.

Segundo testemunhas, as forças de segurança permitiram que Ramos permanecesse na escola por quase 40 minutos, enquanto agentes esperavam no corredor e crianças ligavam em pânico para a polícia.

Autoridades do Texas e do condado no qual fica a cidade dizem que estão conduzindo um inquérito próprio, mas Anthony Coley, porta-voz do Departamento de Justiça, afirmou que fará, a pedido do prefeito de Uvalde, uma revisão da atuação da polícia. "O objetivo é fornecer um relato independente das ações e das respostas da aplicação da lei naquele dia e identificar as lições aprendidas e as melhores práticas para ajudar os socorristas a se prepararem e responderem a eventos com atiradores ativos", disse ele.

Controle de armas

O massacre colocou o acesso a armas mais uma vez em debate no país, a poucos meses das eleições legislativas, em novembro, com ativistas defendendo leis que ampliem os controles para compradores de armamentos. "O presidente tem uma oportunidade real. O país está pedindo desesperadamente que um líder pare o massacre da violência armada", disse Igor Volsky, diretor-executivo da Guns Down America.

Republicanos, como o senador pelo Texas Ted Cruz e o ex-presidente Donald Trump, rejeitaram os pedidos de novas medidas e, em vez disso, sugeriram investir em saúde mental ou reforço da segurança escolar. ​

Na visita deste domingo, Biden estava acompanhado do governador do Texas, o republicano Greg Abbott, que se opõe a novas restrições para a compra de armas. "Precisamos de ajuda, governador", gritaram pessoas na multidão, quando o democrata chegou à escola. Outros gritaram: "Que vergonha, Abbott".

O republicano vem negando que as recém-promulgadas leis de armas do estado, incluindo uma medida que remove os requisitos de licenciamento para porte de arma escondida, tenham sido relevantes para o massacre. Em vez disso, também indicou que a culpa é de doenças mentais. Ramos não tinha histórico de doença mental nem antecedentes criminais, mas fez posts ameaçadores nas redes antes do tiroteio.

A vice-presidente Kamala Harris pediu a proibição de armas de assalto durante uma viagem a Buffalo no sábado, dizendo que, após os dois tiroteios em massa consecutivos, esses "armamentos de guerra" não deveriam ter "nenhum lugar em uma sociedade civil".

Assessores da Casa Branca e aliados próximos dizem que é improvável que o presidente avance em propostas políticas específicas ou tome medidas executivas para reprimir as armas de fogo, porque o movimento poderia atrapalhar negociações delicadas no Senado dividido.

Os democratas do Senado também diminuíram a retórica à medida que negociações continuaram durante o recesso do feriado do Memorial Day nesta semana. "Temos que ser realistas sobre o que podemos alcançar", disse o senador Dick Durbin à CNN no domingo. Os colegas de partido de Durbin controlam por pouco o Senado dividido em 50-50, mas precisam de 60 votos para aprovar a maior parte da legislação.

Depoimentos apavorantes

Sobreviventes do ataque disseram ter sussurrado, suplicando por ajuda, nas ligações para a polícia. Alguns se fingiram de mortos para evitar chamar a atenção do atirador.

Miah Cerrillo, 11, se jogou no chão para escapar da atenção de Ramos. Em entrevista não gravada à CNN, ela contou ter se coberto com o sangue de um colega, cujo corpo estava ao lado dela. A menina havia acabado de ver como o atirador matou sua professora depois de dizer "boa noite" para ela.

Outro estudante, Daniel, disse ao Washington Post que, enquanto as vítimas esperavam a polícia chegar, ninguém gritou. "Fiquei assustado e estressado, porque as balas quase me atingiram", disse ele.

Sua professora, que estava ferida, sussurrou para "ficarem calmos e quietos". Ele acabou sendo resgatado pela polícia, que quebrou as janelas de sua sala de aula. Desde então, tem pesadelos recorrentes.

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