Empresas dos EUA prometem bancar viagem de funcionárias que querem fazer abortos

Tesla, Disney, Netflix e Meta anunciam apoio a trabalhadoras que precisarem viajar para interromper gestação

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The New York Times

Após o anúncio da decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos na sexta-feira (24) que eliminou o direito federal ao aborto, várias empresas lançaram comunicados declarando que se comprometem a ajudar funcionárias a acessar atendimento de saúde que talvez não consigam obter em seus próprios estados.

A partir de maio, quando o vazamento de um memorando de juízes da Suprema Corte previu a decisão que adotariam sobre o processo Dobbs vs. Jackson Women’s Health Organization, várias empresas começaram a anunciar políticas de cobrir as despesas de viagem de funcionárias que precisassem fazer abortos.

Entre essas empresas estão a Starbucks, Tesla, Yelp, Airbnb, Microsoft, Netflix, Patagonia, DoorDash, JPMorgan Chase, Levi Strauss & Co., PayPal e Reddit. Outras, incluindo a Disney, Meta, Dick’s Sporting Goods e Condé Nast, juntaram-se a elas na sexta, quando a decisão da Suprema Corte foi formalizada, embora a maioria tenha evitado fazer referência direta à decisão da Corte.

Manifestante sem camisa ergue cartaz a favor do direito ao aborto em frente a prédio da Suprema Corte
Ativistas a favor do direito ao aborto fazem protesto em frente à Suprema Corte dos EUA, em Washington - Elizabeth Frantz - 26.jun.22/Reuters

A Johnson & Johnson disse na sexta-feira: "Como a empresa de produtos médicos de base mais ampla no mundo, procuramos melhorar a acessibilidade física e financeira, criar comunidades mais saudáveis e colocar a saúde ao alcance das pessoas às quais servimos. Acreditamos que as decisões sobre saúde devem ser tomadas pelos indivíduos em consulta com seus médicos."

A Levi Strauss & Co. exortou empresários a tomarem posição contra a decisão judicial. "A proteção dos direitos reprodutivos é uma questão comercial crítica que impacta nossa força de trabalho, nossa economia e o progresso na direção da equidade de gênero e racial", disse a empresa. "Em vista do que está em jogo, os líderes empresariais precisam se fazer ouvir."

Uma porta-voz do JPMorgan Chase, o maior banco nacional, com cerca de 170 mil funcionários nos Estados Unidos, disse que a empresa procura promover a igualdade de acesso à saúde de todos seus funcionários. A porta-voz destacou um memorando de 1º de junho informando funcionários que seus custos de viagem serão cobertos pelo banco se precisarem percorrer distâncias superiores a 120 km para acessar determinados procedimentos médicos, entre eles a interrupção da gravidez.

Também o Reddit disse que seus funcionários podem receber um auxílio financeiro para viagens para realizar procedimentos como aborto. "Nossos programas de benefícios visam apoiar a saúde e segurança de nossos funcionários, e também temos políticas robustas de apoio às mulheres nos locais de trabalho", disse um representante da companhia.

Veja o que disseram outras empresas:

  • A Warner Brothers anunciou que cobrirá as despesas de viagens para abortos. "À luz da decisão recente da Suprema Corte, ampliamos imediatamente nossas opções de benefícios de saúde para cobrir as despesas de viagem de funcionárias e seus familiares incluídos em sua cobertura que precisem viajar para ter acesso a aborto e atendimento reprodutivo", disse um porta-voz da empresa.
  • A Disney disse que também cobrirá despesas de viagem: "Reconhecemos o impacto que a decisão da Suprema Corte anunciada hoje pode ter sobre muitas americanas", escreveram o diretor de recursos humanos Paul Richardson e uma vice-presidente da Disney, Pascale Thomas.
  • Um porta-voz da Meta disse: "Pretendemos reembolsar despesas de viagem, na medida permitida por lei, de funcionárias que precisem deslocar-se para acessar atendimento médico e serviços reprodutivos em outros estados. Estamos estudando a melhor maneira de fazê-lo, em vista das complexidades legais envolvidas."
  • O Bank of America anunciou: "Ampliamos a lista de tratamentos médicos que agora dão direito ao reembolso de despesas de viagem. Essa lista passa agora a incluir tratamentos contra câncer, transplantes de órgãos em centros de excelência, saúde reprodutiva incluindo aborto e internações médicas por problemas de saúde mental."
  • A Intuit disse na sexta-feira que vai cobrir as despesas de viagem de funcionárias para realizarem aborto. "Apoiamos o acesso de nossos funcionários a atendimento de saúde amplo, independentemente de onde residem", disse a empresa. "Continuaremos a fazer o possível para apoiar da melhor maneira o acesso contínuo de nossos funcionários à gama completa de atendimento médico que eles consideram adequado."
  • A Condé Nast disse que cobrirá as despesas de viagem e hospedagem para suas funcionárias fazerem aborto. "É um golpe esmagador contra direitos reprodutivos que estiveram protegidos por quase meio século", disse o CEO da empresa, Roger Lynch.
  • A Zillow anunciou que reembolsará seus funcionários até o limite de US$ 7.500 quando precisarem fazer deslocamentos longos para realizar procedimentos médicos, incluindo abortos. "Apoiamos fortemente e vamos continuar a apoiar o direito de nossos funcionários de tomar as decisões médicas melhores para eles", disse uma porta-voz.
  • A Box, que já havia dito que cobriria as despesas de viagens de funcionárias para realizarem abortos, se disse "desapontada com a decisão da Suprema Corte de derrubar Roe v. Wade".
  • A Salesforce informou que vai transferir funcionárias preocupadas com a possibilidade de fazer abortos no Texas. "Vamos continuar a oferecer os benefícios de viagens e transferência, vigentes há longa data, para assegurar que nossos funcionários e suas famílias tenham acesso a atendimento de saúde crítico", disse um representante da companhia.
  • A Patagonia reafirmou seu compromisso de cobrir as despesas de viagem de funcionárias para fazer aborto. "Cuidar de funcionários não se limita a garantir convênio médico básico", disse a empresa no LinkedIn. "Significa apoiar suas escolhas em relação a ter ou deixar de ter um filho."
  • A Dick’s Sporting Goods disse que reembolsará até US$ 4.000 das despesas de viagem de funcionárias residentes em estados que restringem o acesso ao aborto e anunciou que a política também se estenderá a qualquer cônjuge ou dependente coberto pelo plano médico da empresa.
  • A Lyft, que havia anunciado previamente que cobriria despesas de viagem para abortos, disse que a decisão da Suprema Corte "vai prejudicar milhões de mulheres ao eliminar seu acesso a serviços de saúde reprodutiva seguros e que garantam sua privacidade". Também disse que está ampliando seu "compromisso de defesa legal" de modo a proteger motoristas que possam ser processados por levar pessoas a clínicas de aborto. "Nenhum motorista deve ter a obrigação de perguntar a uma passageira para onde ela vai e com que finalidade", disse a Lyft.
  • A Uber enfatizou a cobertura de saúde dada pela companhia para "saúde reprodutiva, incluindo a interrupção da gravidez", e seu compromisso em cobrir as despesas de viagem para funcionários acessarem atendimento de saúde. "Também continuaremos a proteger nossos motoristas, reembolsando suas custas legais se qualquer motorista for processado sob leis estaduais por transportar passageiros a uma clínica", disse a empresa.

Tradução de Clara Allain

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