Biden chega a Israel como 'velho amigo', defende Estado palestino e menciona Irã

Presidente dos EUA viajará pelo Oriente Médio e se reunirá com sauditas para discutir petróleo

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Tel Aviv | Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi recebido como um "velho amigo" em Israel nesta quarta-feira (13), na primeira etapa de uma viagem pelo Oriente Médio, em meio a esforços para aproximar o país da Arábia Saudita e persuadir aliados a produzir mais petróleo.

No aeroporto Ben Gurion, Biden cumprimentou o primeiro-ministro Yair Lapid e o presidente Isaac Herzog e descreveu a relação entre Israel e EUA como "profunda até os ossos". "Você não precisa ser judeu para ser sionista", afirmou, referindo-se à ideologia que defende que a região onde hoje é Israel é de direito dos judeus, o que é contestado por palestinos e alguns povos árabes.

O presidente dos EUA, Joe Biden (esq.), é recebido pelo premiê de Israel, Yair Lapid, e pelo presidente do país, Isaac Herzog - Evelyn Hockstein/Reuters

​A primeira visita de Biden ao país como presidente é a décima de uma longa carreira política do democrata. Em Tel Aviv ele reafirmou que deseja retomar as negociações por um Estado palestino, chamando essa proposta de "a melhor esperança" para ambos os povos.

Na sexta (15), a agenda prevê um encontro com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, na Cisjordânia —a primeira conversa de um presidente americano e um líder palestino desde o governo Barack Obama. Depois, voará para Jidá, na Arábia Saudita.

Washington espera ajudar a melhorar as relações entre dois de seus mais fortes aliados na região —que se reaproximaram com os chamados Acordos de Abraão— e combater a influência do Irã, mas também de Rússia e China, sobre o Oriente Médio.

Em entrevista gravada na Casa Branca e transmitida na TV local após sua chegada, Biden disse que, se preciso, Washington usará a força para barrar Teerã de desenvolver uma bomba nuclear. Segundo o democrata, Israel ficou mais vulnerável há quatro anos, quando o então presidente Donald Trump implodiu o acordo assinado em 2015 com os iranianos. "Eles estão agora mais perto de uma arma do que antes."

Biden almeja retomar o pacto, mas poucos avanços foram conquistados —e Israel se opõe a essa negociação.

Autoridades israelenses disseram que o americano pretende anunciar o que o governo chama de Declaração de Jerusalém sobre a Parceria Estratégica EUA-Israel, que trará uma posição forte contra o programa do Irã e afirma que os países estão comprometidos a "usar todos os elementos de seu poder nacional contra a ameaça nuclear".

Outro nó a desatar envolve a promessa, reforçada na viagem, de reabrir um consulado em Jerusalém, fechado por Trump, que servia aos palestinos. "Obviamente, isso requer envolvimento do governo israelense", disse o conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan.

As tensões na região estão altas depois de uma série de confrontos na época do Ramadã e devido ao assassinato da jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh em maio, na Cisjordânia. Os palestinos dizem que ela foi morta de forma deliberada por tropas israelenses, o que o governo nega. Washington concluiu que ela foi alvo de uma bala que veio da direção de onde estavam os soldados, mas que não há evidências de que a ação tenha sido intencional.

O secretário de Estado Anthony Blinken conversou com a família de Abu Akleh, que acusa o governo Biden de garantir impunidade a Israel —a sobrinha da jornalista, Lina, se disse frustrada com a viagem do americano.

Nesta quarta, o presidente americano também prestou homenagens no Yad Vashem, o memorial às vítimas do Holocausto na Segunda Guerra Mundial. Nesta quinta, se encontrará com Binyamin Netanyahu, hoje líder da oposição que, quando premiê, foi aliado próximo de Trump e crítico do governo Obama, de quem Biden foi vice.

Depois da visita a Israel, Biden quer usar a ida à Arábia Saudita para discutir a produção de petróleo —ele está sob pressão por causa do preço dos combustíveis, que tem impactado sua taxa de aprovação. O presidente, porém, recebeu críticas pela possibilidade de se encontrar com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, acusado pela inteligência dos EUA de estar por trás do assassinato do jornalista do Washington Post Jamal Khashoggi. O próprio presidente chamou os sauditas de párias na campanha.

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