Primeiro debate entre candidatos a premiê do Reino Unido tem críticas a Boris e à China

Rishi Sunak e Liz Truss afirmam que atual primeiro-ministro não terá cargo no novo governo

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São Paulo

O primeiro debate direto, nesta segunda (25), entre Rishi Sunak e Liz Truss, candidatos a premiê no Reino Unido, foi marcado por ataques às atuais políticas econômicas, menções à China e questionamentos sobre o papel de Boris Johnson, que anunciou sua renúncia do cargo no início do mês, no novo mandato.

Em meio a relatos de que o primeiro-ministro não descartou um retorno, apesar de prometer deixar a função quando o vencedor for definido, os candidatos descartaram uma posição para ele no governo.

"Tenho certeza de que ele [Boris] será vocal, mas não fará parte do governo", afirmou Truss em debate organizado pela emissora britânica BBC. A atual secretária das Relações Exteriores voltou a enfatizar que foi uma das primeiras defensoras do atual premiê durante a crise política que culminou na sua renúncia e alegou que não deixou de ser leal pelo que chamou de "abandono do dever" caso faltasse com apoio.

Rishi Sunak e Liz Truss durante debate, na segunda (25), na disputa para cargo de premiê do Reino Unido
Rishi Sunak e Liz Truss durante debate, na segunda (25), na disputa para cargo de premiê do Reino Unido - Jacob King - 25.jul.22/Pool/Reuters

Sunak, ex-titular da pasta de Finanças e um dos membros mais importantes da gestão Boris a renunciar no momento da crise, chamou o premiê de "notável", mas disse que chegou ao "ponto de basta". "Achei que a conduta [de Boris] não estava correta, e claramente tínhamos visões diferentes sobre economia".

A maior inflação em 40 anos no Reino Unido estimulou debates ferozes na área econômica. Sunak afirmou que as propostas da adversária não são conservadoras, indicando o que seria uma contradição, já que Truss é chamada por apoiadores de "a nova dama de ferro", em referência à ex-primeira-ministra Margaret Thatcher, que adotou políticas liberais durante seu governo.

Ele criticou ainda a redução da carga tributária, uma das propostas centrais de Truss, ao dizer que a medida é pensada apenas para o curto prazo. Também justificou o aumento de impostos alegando a necessidade de financiar o sistema de saúde pública. A hoje secretária das Relações Exteriores rebateu, apontando o adversário como responsável pelo aumento de impostos ao nível mais alto em 70 anos.

"Se seguirmos os planos de Rishi, vamos caminhar para uma recessão."

Ao ser cobrada por uma postura mais dura em relação à China, Truss afirmou que os últimos meses pediram laços bilaterais e econômicos mais próximos. Mesmo antes do embate, os dois candidatos já tinham trocado farpas sobre Pequim. Sunak afirmou no fim de semana que a adversária "estendeu por muito tempo o tapete vermelho" e ignorou o que seriam "atividades malévolas" do regime chinês. E disse acreditar que o país asiático representa "a maior ameaça no longo prazo" para o Reino Unido.

Sobre a Guerra da Ucrânia, Truss afirmou que o governo fez o máximo para ajudar Kiev e que o Reino Unido foi o primeiro a enviar armas e a impor sanções à Rússia. "Mas não estou preparada para envolver o país na guerra", completou. Sunak também disse ser contra o envolvimento de tropas britânicas.

Este foi o primeiro de três debates em apenas 12 dias que serão transmitidos na televisão. Nos últimos dias, Truss vem aparecendo à frente nas pesquisas de opinião feitas com membros do Partido Conservador, que votarão para eleger o líder da sigla e, por tabela, o novo premiê. O vencedor será escolhido pelos cerca de 200 mil membros da legenda em votação realizada por correspondência, que ficará aberta até 2 de setembro. O resultado deve ser divulgado três dias mais tarde, em 5 de setembro.

Quem vier a ocupar o cargo vai ter de lidar com a disparada da inflação e o baixo crescimento econômico no Reino Unido, bem como a falta de confiança dos ingleses na política após o período de Boris no poder.

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