Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Ucrânia acusa Rússia de ataque a prédio residencial que deixou ao menos 15 mortos

Moscou alega ter destruído armazéns com equipamentos enviados pelos EUA, e Kiev anuncia contraofensiva no sul

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Kiev | Reuters

Equipes de regaste vasculhavam os escombros de um prédio residencial na cidade de Tchasiv Iar, no leste da Ucrânia, ao longo deste domingo (10), após um ataque que autoridades locais atribuem à Rússia deixar ao menos 15 pessoas mortas e mais de 20 desaparecidas, incluindo uma criança de nove anos.

O município está localizado na província de Donetsk, local onde os ataques se intensificaram após Moscou conquistar a região vizinha de Lugansk. Juntas, as duas áreas, com população de maioria étnica russa, formam a porção do território ucraniano conhecida como Donbass.

Equipes de resgate retiram corpo dos escombros após ataque a prédio residencial na cidade de Tchasiv Iar, na província ucraniana de Donetsk - Gleb Garanich - 10.jul.22/Reuters

As tensões latentes na região basearam um dos argumentos dados por Vladimir Putin para invadir o território vizinho. O líder russo dizia que Kiev praticava uma política de genocídio no local, onde se formaram duas autoproclamadas repúblicas separatistas, reconhecidas por Moscou como independentes dias antes do início da ação militar.

Andrii Iermak, chefe de gabinete do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, caracterizou a ação da noite de sábado em Tchasiv Iar como "outro ataque terrorista" da Rússia. Em um texto publicado no aplicativo de mensagens Telegram, ele disse que o país vizinho deveria ser classificado como Estado terrorista —pedido já feito por Zelenski à ONU.

O presidente voltou a dizer que Moscou mira civis de forma intencional. "Qualquer um que faça ordene esse tipo de ataque, que faça isso em cidades comuns, em áreas residenciais, mata de forma absolutamente consciente", afirmou neste domingo.

A Rússia nega que tenha civis como alvo no conflito. As forças de Putin se limitaram a reivindicar ataques a depósitos do Exército ucraniano que armazenavam obuses M777, fabricados nos EUA, perto de Kostiantinivka, cidade também localizada em Donetsk. A informação não pôde ser confirmada de forma independente.

Zelenski voltou a agradecer, no sábado (9), à ajuda militar enviada por Washington durante discurso em vídeo que faz todas as noites. Ele também voltou a pedir o envio de armas modernas e de alta precisão. "São a única forma de realmente parar essas ações terroristas", disse.

O líder ucraniano afirmou que os ataques da artilharia russa no Donbass têm atingido diariamente cidades como Sloviansk, Bakhmut e Avdiivka. Segundo o jornal The New York Times, quatro mísseis foram lançados sobre Drujkivka no fim da tarde de sábado, sem causar vítimas, mas destruindo um shopping center e dezenas de imóveis.

De acordo com o relatório mais recente do think tank americano Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), Moscou tem realizado uma série de ataques malsucedidos em Sloviansk a partir de Lisitchansk, cidade tomada em Lugansk.

Em grande parte, a dificuldade de controlar completamente o Donbass, diz o ISW, estaria na escassez de soldados e equipamentos, o que levou o país a colocar no front veículos blindados antigos e a lançar novas campanhas de recrutamento de civis.

Os ataques se intensificam também em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia que fica a norte do Donbass. Autoridades ucranianas calculam que os russos controlem cerca de 30% da região. Voluntários limpavam os destroços de uma escola que foi atingida na manhã deste domingo por mísseis, mas que estava vazia no momento.

Ainda que os ataques hoje pareçam aleatórios e sem propósitos claros, a eventual conquista de Kharkiv e de Donetsk permitiria a Moscou dominar uma faixa do noroeste ao sul da Ucrânia, até a cidade de Kherson, a primeira a ser tomada desde o início da invasão.

Kiev, no entanto, anuncia que está prestes a dar início a uma contraofensiva na porção sul do país. A vice-primeira-ministra Irina Vereschuk voltou a pedir, desta vez em rede nacional, que civis da região de Kherson saiam dali com urgência. "Está claro que haverá combates e, portanto, exortamos as pessoas a saírem", afirmou.

Ela disse não saber a data exata em que a contraofensiva teria início. Autoridades designadas por Moscou em Kherson dizem que querem realizar um referendo, em breve, sobre a separação da Ucrânia, mas que ainda não definiram uma data.

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