Zelenski fala com Bolsonaro sobre exportação de grãos e pede apoio a sanções

Presidentes conversam pela primeira vez desde o início da Guerra da Ucrânia, no final de fevereiro

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São Paulo e Guarulhos

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse nesta segunda-feira (18) que reforçou ao brasileiro Jair Bolsonaro (PL) a importância das negociações para destravar a exportação de grãos do país de forma a, nas palavras dele, "prevenir a crise global de alimentos provocada pela Rússia".

Bolsonaro havia adiantado, na quinta (14), que falaria com Zelenski nesta segunda. Segundo o presidente, ele apresentaria a solução para o fim do conflito. "Vou dar minha opinião a ele, o que eu acho. Eu sei como seria a solução do caso, mas não vou adiantar. Como acabou a guerra da Argentina com o Reino Unido em 1982? É por aí", disse à CNN Brasil.

Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, no Palácio do Planalto, em Brasília - Adriano Machado - 11.jul.22/Reuters

O presidente se referia à Guerra das Malvinas, que completou 40 anos em abril e teve fim quando as forças argentinas se renderam aos britânicos. Não ficou claro, porém, se a rendição era a sugestão que o presidente brasileiro faria a seu homólogo ucraniano.

O ucraniano não comentou essa declaração. Em um tuíte, se resumiu a dizer que informou Bolsonaro sobre a situação no front. "Convoco todos os nossos parceiros para que se juntem às sanções contra o agressor", escreveu.

Esta foi a primeira vez que os dois líderes se falaram desde o começo da guerra —Bolsonaro esteve com Vladimir Putin em Moscou dias antes da invasão à Ucrânia e teve ao menos um telefonema com o russo. O presidente brasileiro e o Itamaraty já fizeram críticas à estratégia de sanções adotada pelo Ocidente para isolar o Kremlin.

A viagem do presidente em fevereiro gerou críticas à agenda diplomática brasileira, com parceiros como os Estados Unidos fazendo críticas antes e depois do encontro com Putin. Depois de falar em ser "solidário à Rússia" quando foi a Moscou, Bolsonaro tem defendido neutralidade no conflito, entre outros motivos, devido à alta dependência de fertilizantes importados da Rússia.

Neste fim de semana, o presidente afirmou, sem dar detalhes, que as negociações com a Rússia para fornecimento de diesel ao Brasil por um preço "mais barato" estão bastante avançadas, em uma tentativa de afastar o risco de desabastecimento e conter a alta nos preços dos combustíveis.

Apesar das declarações de Bolsonaro, em fóruns internacionais como as Nações Unidas o Brasil se posicionou de forma crítica a Moscou, condenando a ação do Kremlin em resoluções da Assembleia-Geral e do Conselho de Segurança —o país se absteve na votação que suspendeu a Rússia do Conselho de Direitos Humanos.

Rússia e Ucrânia devem voltar, nesta semana, a ter rodadas de negociação, mediadas pela Turquia e pela ONU, para destravar a exportação de grãos. Na semana passada, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse que um passo "importante e substantivo" fora dado em direção a um acordo.

"Mas ainda precisamos de muita boa vontade e compromissos de todas as partes", afirmou, ressaltando que "pela paz ainda temos um longo caminho a percorrer". As reuniões em Istambul foram o primeiro encontro pessoal entre delegações dos dois lados em meses; as negociações diplomáticas por um cessar-fogo continuam travadas ao menos desde abril.
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