Descrição de chapéu refugiados América Latina

EUA prendem 4 brasileiros na fronteira com o Canadá por migração irregular

Tentativa de travessia foi feita com apoio de 'coiotes', segundo governo americano

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São Paulo

Autoridades americanas prenderam quatro brasileiros que entraram ilegalmente nos EUA pela fronteira com o Canadá. Todos os acusados contaram com a ajuda dos mesmos "coiotes", aponta o governo americano. O episódio ocorreu no último dia 20, mas só foi divulgado na terça-feira (23).

Segundo o Serviço de Alfândegas e Proteção das Fronteiras (CBP, na sigla em inglês), agentes federais avistaram três homens em uma moto aquática, cruzando a fronteira na altura de Port Huron, no estado do Michigan. Dois deles teriam saído da embarcação, andado na estrada e entrado em um carro —o condutor do jet ski retornou para o lado canadense.

Ponte Blue Water, que conecta o Canadá aos EUA; os quatro brasileiros foram presos próximos ao local, em Port Huron, nos EUA
Ponte Blue Water, que conecta o Canadá aos EUA; os quatro brasileiros foram presos próximos ao local, em Port Huron, nos EUA - Rebecca Cook - 9.fev.22/Reuters

Os dois homens foram presos em seguida, ainda no carro. Eles se identificaram como brasileiros, têm 34 e 35 anos e, segundo o governo dos EUA, admitiram que cruzaram a fronteira ilegalmente. O condutor do automóvel, um americano de 39 anos, também foi preso.

Horas depois, os agentes perceberam a mesma movimentação: uma moto aquática deixou duas pessoas na mesma região e voltou para o Canadá. Dessa vez, porém, os dois migrantes foram abordados antes de entrar no automóvel. Questionados, também se identificaram como brasileiros —um homem de 47 anos e uma mulher de 44.

Todos foram levados para a delegacia do CBP em Marysville. "Esses criminosos fizeram uma tentativa descarada em um fim de semana movimentado", disse o chefe da patrulha, Robert Danley.

Ainda de acordo com o governo americano, a Polícia Federal do Canadá prendeu outras duas pessoas envolvidas no esquema. É incerto, porém, se os presos eram os condutores das motos aquáticas.

"Essa é uma prova de como as parcerias federais e internacionais são vitais em nossa missão de segurança nas fronteiras", disse Marc Sledge, do CBP. "Nossos agentes realizam, todos os dias, um trabalho extraordinário para proteger a América."

Prisões como essas não são novidade nas fronteiras americanas, mas a maior intensidade se dá na divisa com o México.

Em algumas ocasiões os migrantes morrem antes de conseguir pisar em solo americano. Como a Folha mostrou no último dia 16, a Polícia Federal apontou que brasileiro de 21 anos morreu depois de ser abandonado por um "coiote", no ano passado. O corpo foi encontrado seis dias após a tentativa malsucedida, e a família de Ayron Henrickson Fernandes Gonçalves só descobriu o desfecho da história cinco meses depois.

Desde 2020, ao menos oito brasileiros morreram ao tentar fazer a travessia. Há ainda relatos de sequestros, estupros, extorsões e abandono no percurso.

No início de agosto, o Departamento de Segurança Interna dos EUA anunciou o fim de uma medida que obriga requerentes de asilo a aguardarem no México até o processamento do pedido na Justiça americana. O Protocolo de Proteção ao Migrante —política que ficou conhecida como "Permaneça no México"— foi instituído pelo então presidente Donald Trump em 2020 e enviou ao país vizinho ao menos 70 mil solicitantes de asilo desde que entrou em vigor. O programa foi criticado por colocar pessoas vulneráveis em cidades fronteiriças sob condições inseguras.

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