Descrição de chapéu Coronavírus

Kim Jong-un diz que Coreia do Norte venceu Covid, e irmã cita febre alta do ditador

Organizações internacionais questionam declaração de regime, que não contabiliza casos de coronavírus

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Seul | Reuters

O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-Un, declarou a vitória de seu país contra a Covid-19, informou a mídia estatal nesta quinta-feira (11), ainda noite de quarta (10) no Brasil. O norte-coreano decretou também o fim de medidas de isolamento social impostas em maio pela ditadura.

Desde que primeiro confirmou de forma oficial casos pontuais de Covid, Pyongyang passou a divulgar números de doentes com o que chamou de "febre". Pelos dados da última quinta, 4,77 milhões de pacientes se recuperaram totalmente e 74 morreram desde abril. O número de óbitos, relata a ditadura, é um "milagre sem precedentes" em comparação com outros países.

Organizações internacionais, porém, atribuem as estatísticas à capacidade limitada de testes para a doença no país —se for considerada a veracidade dos relatos do regime. A OMS (Organização Mundial da Saúde) disse, no mês passado, acreditar que a situação na Coreia do Norte estava na verdade piorando.

Ditador da Coreia do Norte, Kim Jong Un, preside reunião sobre a pandemia de Coid-19, em Pyongyang
Ditador da Coreia do Norte, Kim Jong Un, preside reunião sobre a pandemia de Coid-19, em Pyongyang - Agência Central de Notícias da Coreia do Norte - 17.maio.22 / via Reuters

O próprio ditador teve uma febre alta, apontou sua irmã, Kim Yo-Jong, nesta quinta. Segundo ela, "mesmo gravemente doente, Kim não conseguiu se deitar, pensando nas pessoas de quem teve que cuidar". É incerta a data em que o presidente teria contraído a doença.

Oficialmente, a Coreia do Norte não organizou campanhas de vacinação contra a Covid-19. Em vez disso, o país diz tratar a doença com remédios caseiros. Segundo Kim, "o vantajoso sistema socialista coreano" também facilitou o enfrentamento à pandemia.

Desde 29 de julho as autoridades não relataram novos casos de febre.

Apesar da declaração de vitória, o ditador defendeu a continuação de uma "barreira antiepidêmica forte" e disse ser necessário "intensificar o trabalho até o fim da crise global de saúde". Ele destacou ainda o desenvolvimento de novos métodos de detecção do vírus e suas variantes, bem como de outras doenças infecciosas, com a varíola dos macacos.

Analistas ouvidos pela Reuters apontam que o comunicado desta quinta tem o objetivo de reativar a economia do país, travada ainda mais após os casos de febre.

Analistas especulam que o autoproclamado desfecho da crise sanitária no país deve facilitar novos testes de mísseis produzidos por Pyongyang, inclusive aqueles com capacidade nuclear —o que não acontece desde 2017. No final de julho, Kim disse que seu país está "pronto para mobilizar" sua dissuasão nuclear diante de possíveis confrontos militares com EUA e Coreia do Sul.

A vizinha, aliás, foi apontada por Pyongyang como responsável pelo surto de Covid no país. Há um mês, a Coreia do Norte ordenou que as pessoas se mantivessem atentas a "objetos alienígenas que vêm pelo vento e outros fenômenos climáticos e a balões nas áreas ao longo das fronteiras".

Desertores e ativistas norte-coreanos que vivem na Coreia do Sul soltam balões há décadas, que atravessam a fronteira carregando panfletos e ajuda humanitária.

Nesta quinta, Kim Yo-Jong –muitas vezes apontada como número 2 do regime– também citou essa teoria e disse que Pyongyang "não pode mais ignorar o fluxo ininterrupto de lixo" de Seul. As retaliações, aponta, devem ser "mortais". O governo sul-coreano lamentou a declaração, classificando-a de "observações insolentes e ameaçadoras".

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