Papa Francisco descarta investigação contra cardeal acusado de abuso sexual

Apuração preliminar do Vaticano conclui que não há provas suficientes para justificar abertura de inquérito

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Cidade do Vaticano | AFP

O papa Francisco descartou abrir uma investigação contra o cardeal canadense Marc Ouellet, alegando falta de provas, afirmou um porta-voz do Vaticano nesta quinta-feira (18). Ouellet foi acusado de abusar sexualmente de uma mulher entre 2008 e 2010, quando era arcebispo de Québec, em um processo divulgado no início da semana.

O cardeal de 78 anos é o atual prefeito da Congregação para os Bispos, um dos cargos mais importantes do Vaticano. Em alguns círculos, seu nome é aventado como o de um dos possíveis sucessores de Francisco.

O papa Francisco conversa com o cardeal canadense Marc Ouellet na abertura de um simpósio internacional no Vaticano - Remo Casilli - 17.fev.22/Reuters

A acusação contra o cardeal foi admitida em maio pelo Tribunal Superior de Québec e feita diretamente ao Vaticano no ano passado, mas só foi divulgada na última terça-feira (16). Uma mulher identificada pela letra F afirma que Ouellet a tocou indevidamente várias vezes quando ela tinha 23 anos e fazia estágio como agente pastoral. Ela diz que o cardeal Ouellet a beijou e deslizou a mão pelas suas costas "até as nádegas".

Quando ela tomou coragem para denunciar o episódio, teria descoberto que não era a única mulher que tinha passado por uma situação semelhante, dizem os documentos do tribunal. Em 2020, ela afirmou a um comitê que discutia o tema em Québec que também havia sido vítima de conduta sexual imprópria de outro clérigo.

Segundo nota emitida pelo Vaticano, o pontífice delegou ao padre Jacques Servais a tarefa de conduzir um inquérito preliminar em resposta às primeiras acusações contra o cardeal. Servais concluiu que não havia elementos suficientes para prosseguir com a apuração e, quando confrontado com denúncias mais recentes, reiterou sua posição.

"Nem no relatório escrito enviado ao Santo Padre nem no depoimento via Zoom que mais tarde tomei na presença de um membro do Comitê Diocesano essa pessoa fez alguma acusação que daria origem para tal investigação", afirmou o padre escolhido por Francisco.

O caso veio à tona três semanas após a viagem do papa Francisco ao Canadá, em que o pontífice se desculpou por abusos cometidos por membros da igreja em internatos para indígenas e reconheceu publicamente os erros e horrores cometidos durante décadas.

A denúncia contra o cardeal está entre os depoimentos de 101 pessoas que alegam ter sido abusadas ou assediadas sexualmente por mais de 80 membros do clero e funcionários laicos da diocese de Québec desde junho de 1940, de acordo com documentos judiciais.

O escândalo de agora se soma à enxurrada de denúncias de abuso sexual cometidos há décadas por religiosos contra menores em todo o mundo —crime que o papa Francisco prometeu punir severamente.

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