Escolher um cardeal da Amazônia pela primeira vez sinaliza que o papa Francisco está preocupado com a floresta e deseja aproximar a Igreja Católica da região, disse o arcebispo de Manaus, dom Leonardo Steiner, segundo a agência Reuters.
O catarinense, escolhido para ser cardeal, afirmou que Francisco, primeiro papa da América Latina, teme o desmatamento, as ameaças aos povos indígenas e a poluição do leito dos rios, fruto da mineração ilegal. Todos esses fenômenos foram intensificados ao longo dos últimos anos.
O líder católico anunciou a escolha do nome de Steiner no final de maio, ao lado de outros 20 escolhidos para se tornarem cardeais. A oficialização da indicação para o posto ocorrerá no próximo dia 27, durante a cerimônia conhecida como consistório.
O futuro cardeal afirmou que a igreja teve culpa na tentativa de apagamento das culturas indígenas no passado, mas que, agora, defende sua preservação. Exemplo disso, diz ele, estaria na recente visita do papa ao Canadá, quando o pontífice pediu desculpas pela colaboração do Vaticano no genocídio de culturas indígenas.
"Devemos assegurar que os povos indígenas não percam suas raízes e sempre bebam das próprias fontes", seguiu Steiner. Eleito em abril presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia, ele foi ordenado padre pelo cardeal Paulo Evaristo Arns (1921-2016), primo dele.
Francisco já manifestou a Steiner suas preocupações com os povos indígenas da Amazônia. Em abril de 2020, período inicial da pandemia de coronavírus, ele ligou para o arcebispo de Manaus preocupado com a situação da crise sanitária e com os povos tradicionais, segundo Steiner relatou à época.
A Amazônia é considerada uma das prioridades do pontificado de Francisco. Ele capitaneou em 2019 o Sínodo da Amazônia, uma reunião episcopal de especialistas para discutir a situação da igreja na região amazônica e questões ligadas ao meio ambiente e aos povos indígenas.
Em junho deste ano, participou de uma reunião com 17 bispos da região amazônica no Vaticano. Na ocasião, encorajou os religiosos a estarem ao lado de suas comunidades, relatou Steiner, ainda de acordo com a Reuters, incluindo habitantes de comunidades indígenas que tenham pouco contato com o resto da sociedade brasileira.
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