Senadora da Austrália muda juramento e chama rainha Elizabeth de colonizadora

Parlamentar indígena é convidada a refazer discurso de fidelidade à britânica, que é chefe de Estado do país

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Sydney | Reuters

Uma senadora indígena da Austrália foi instruída a refazer seu juramento de posse nesta segunda-feira (1º) depois de ter mudado o texto-padrão para rotular a rainha Elizabeth 2ª, que também é chefe de Estado do país da Oceania, de colonizadora.

Lidia Thorpe, parlamentar dos Verdes e descendente dos povos DjabWurrung, Gunnai e Gunditjmara, disse à Câmara Alta do Parlamento, com o punho direito erguido, que "seria fiel à colonizadora Sua Majestade, a Rainha Elizabeth 2ª".

A presidente do Senado, Sue Lines, reagiu afirmando à senadora que ela era obrigada a refazer a afirmação —uma espécie de juramento que omite uma referência a Deus— exatamente como estava escrito. Após uma pausa, Thorpe recitou o texto corretamente.

A rainha Elizabeth assina livro de visitas em inauguração de ala de hospital em Maidenhead, no Reino Unido - Kirsty O'Connor - 15.jul.22/Pool/Reuters

Os porta-vozes do Palácio de Buckingham não responderam aos pedidos de comentários da agência Reuters sobre a fala de Thorpe, que é senadora desde 2020 e manteve seu assento na eleição realizada em maio.

A Constituição da Austrália não faz referência aos povos indígenas, cujos líderes trabalharam por gerações para ganhar reconhecimento pelas injustiças sofridas por seus povos desde o início da colonização europeia, em 1700.

O primeiro-ministro Anthony Albanese assumiu prometendo mudanças na legislação de forma a reconhecer as minorias indígenas e exigir que os governos consultem os aborígenes sobre as decisões que afetam suas vidas.

No sábado (30), ele revelou a redação de um projeto de referendo como parte desse plano. A mudança é um compromisso assumido pelo Partido Trabalhista nas eleições, nas quais derrotou a coalizão conservadora Liberal-Nacional.

Segundo Albanese, a ideia é criar uma fonte de aconselhamento e prestação de contas, não necessariamente uma terceira Casa no parlamento.

Julian Leeser, porta-voz dos australianos indígenas, que faz oposição ao premiê, disse à mídia local que o discurso foi um "passo positivo", mas que os australianos precisam saber como a função funcionaria.

Alterar a Constituição é tarefa difícil e exige apoio da maioria dos votos na maioria dos estados. Reformas foram feitas oito vezes, em 44 tentativas, desde 1901. Um referendo bem-sucedido alinharia a Austrália a países como Canadá, Nova Zelândia e Estados Unidos no reconhecimento formal das populações indígenas.

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