Descrição de chapéu China

Taiwan faz exercício militar com munição real para simular ataques da China

Manobras de Pequim, previstas para acabar do domingo, seguem sendo realizadas no entorno da ilha asiática

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Fenggang (Taiwan) | AFP

O Exército de Taiwan realizou nesta terça (9) uma simulação de defesa da ilha com munição real para se preparar para um eventual ataque da China. As manobras duraram pouco menos de uma hora e foram realizadas no condado de Pingtung, no sul da ilha.

Lou Woei-jye, porta-voz do Exército, negou que o exercício tenha sido uma resposta direta à série de manobras de Pequim no entorno da ilha, alegando se tratar de algo regular e já programado. Novas manobras seriam realizadas na quinta-feira (11), com a mobilização de centenas de tropas e 40 obuses, disse o militar.

Soldados disparam obuses de 155 mm durante um exercício militar no condado de Pingtung, no sul de Taiwan
Soldados disparam obuses de 155 mm durante um exercício militar no condado de Pingtung, no sul de Taiwan - Ann Wang - 9.ago.22 / Reuters

O movimento coincidiu com falas do chanceler taiwanês, Joseph Wu, voltando a acusar o regime chinês de utilizar manobras para preparar uma invasão do território. "A verdadeira intenção da China é alterar o status quo no estreito de Taiwan e em toda a região", afirmou o diplomata.

Ainda que tenha anunciado inicialmente que os exercícios durariam somente até a manhã de domingo (7), Pequim os manteve. Os movimentos haviam sido iniciados após a visita da deputada dos EUA Nancy Pelosi à ilha na última semana.

O Exército Popular de Libertação afirmou que manobras com unidades aéreas e navais seguiriam nesta terça, e o Ministério da Defesa de Taiwan afirmou que 16 aviões chineses cruzaram a Linha Mediana, uma fronteira extraoficial de espaços aéreos que divide o estreito de Taiwan.

O chanceler Wu alegou que a China "executa exercícios em larga escala e lança mísseis, assim como ciberataques, uma campanha de desinformação e coerção econômica para enfraquecer o moral de Taiwan".

Pequim respondeu às alegações e, por meio do escritório responsável por assuntos de Taiwan, disse que os comentários "distorcem a verdade e obscurecem os fatos". Em outras oportunidades, autoridades chinesas já disseram que teriam o direito de navegar pelas águas.

O porta-voz da chancelaria chinesa, Wang Wenbin, por exemplo, afirmou em entrevista coletiva que Pequim realiza ações normais em "suas próprias águas" de maneira aberta, transparente e profissional.

A tensão regional escalou após Pelosi, que também é presidente da Câmara dos EUA, visitar a ilha, tornando-se a mais alta autoridade americana a fazê-lo em 25 anos. A ida da deputada causou discordância mesmo entre membros da Casa Branca, em especial pelo timing e pelo potencial de expandir a Guerra Fria 2.0 que Washington e Pequim já travam.

Taiwan na prática é autônoma e independente e, diferentemente da China continental, realiza eleições para cargos de poder. O regime liderado por Xi Jinping, no entanto, considera a região, para onde fugiram os nacionalistas derrotados na Guerra Civil de 1949, uma província rebelde e separatista que precisa ser reunificada.

Aproximações como a de Washington com Taipé são lidas por Pequim como uma violação do chamado princípio de "uma só China". Os EUA, ainda que mantenham laços diplomáticos formais com a China, também têm laços econômicos e de colaboração militar com a ilha.

Pelosi defendeu a visita durante entrevista à rede NBC nesta terça, descrevendo-a como "absolutamente válida". "Não podemos permitir que a China isole Taiwan; eles não podem dizer quem pode visitar a ilha".

Nesta segunda (8), o presidente dos EUA, Joe Biden, manifestou estar atento com o prosseguimento dos exercícios de Pequim. "Estou preocupado que eles estejam se movendo tanto", disse. "Mas não acho que eles vão fazer nada mais do que estão."

Na semana passada, a China liderou ataques com dezenas de aviões e disparou mísseis perto de Taiwan. Na ocasião, eles sobrevoaram a ilha e caíram a leste do país. Treinamentos militares semelhantes haviam ocorrido apenas uma vez, em 1996.

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