Apoiadores de Bolsonaro recebem presidente aos gritos em Londres

Comitiva brasileira com Michelle e Malafaia leva tom de campanha eleitoral ao funeral da rainha Elizabeth 2ª

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Londres

Dezenas de apoiadores de verde e amarelo receberam o presidente Jair Bolsonaro (PL) em frente à residência do embaixador do Brasil em Londres, Fred Arruda, na manhã deste domingo (18).

Ele aterrissou na cidade às 8h30 (4h30 em Brasília) para participar da despedida da rainha Elizabeth 2ª.

Bolsonaro ficará hospedado no local, próximo ao Hyde Park. Pouco após chegar, saiu na sacada para falar aos apoiadores. "Nosso Brasil será dessas cores aqui: verde e amarelo", disse. A multidão respondeu aos gritos de "mito", "Michelle", em referência à esposa do presidente, e "Bolsonaro".

Centenas de apoiadores de verde e amarelo receberam o presidente Jair Bolsonaro
Apoiadores de verde e amarelo receberam o presidente Jair Bolsonaro em Londres - Ivan Finotti/Folhapress

Na comitiva brasileira, além da primeira-dama, estão o pastor Silas Malafaia e um dos filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que saiu na rua e tirou inúmeras fotos com os apoiadores. Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência e coordenador da campanha bolsonarista, também esteve com o presidente no discurso feito na varanda do embaixador e nos encontros com apoiadores.

O grupo rezou o Pai Nosso e cantou o Hino Nacional. Depois, gritou frases como "nossa bandeira jamais será vermelha" —contra uma hipotética ameaça comunista— e ainda "Lula, ladrão, seu lugar é na prisão", em referência a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal adversário de Bolsonaro nas eleições presidenciais e primeiro colocado nas intenções de voto, de acordo com a série de pesquisas Datafolha.

Embora apareça 12 pontos atrás do petista no último levantamento do instituto, o atual presidente disse a seus apoiadores em Londres que acredita na possibilidade de ser reeleito ainda em primeiro turno.

A fala repete o tom adotado por Bolsonaro na sexta-feira (17), quando participou de uma motociata em Pernambuco e visitou, entre outros locais, Garanhuns, terra natal de Lula. Na ocasião, o presidente, que goza de 33% das intenções de voto, contra 45% do petista, também disse que seria possível ganhar na primeira rodada de votação.

Num ato de campanha transportado para a cidade britânica, Bolsonaro voltou a levantar bandeiras tradicionais de sua agenda política. Disse que seu governo "não aceita discutir a liberação das drogas, a legalização do aborto, nem a ideologia de gênero". E foi ovacionado pelo grupo em verde e amarelo.

O presidente, que por reiteradas vezes minimizou a gravidade da Covid-19, afirmou que, mesmo com a "terrível pandemia no mundo todo, somos conhecidos pela questão da economia". Seu mandato, porém, deixa como herança um país mais endividado do que ele encontrou ao assumir o cargo, em 1º de janeiro de 2019, e um estoque de despesas represadas que vai impulsionar ainda mais o indicador da dívida brasileira a partir de 2023.

Em Londres, Bolsonaro também afirmou que o Brasil é uma potência do agronegócio e, a despeito do avanço a galope do desmatamento, disse que "ninguém tem o que o nosso país tem", referindo-se à biodiversidade.

A agenda do presidente na capital britânica se resume a dois dias. Neste domingo, ele fez uma visita ao caixão da rainha, no salão de Westminster, e participará de uma recepção real no Palácio de Buckingham.

Elizabeth 2º morreu no último dia 8, no Castelo de Balmoral, na Escócia, sua residência preferida, onde todo ano passava os três meses de verão. Com sua morte, seu filho, Charles, tornou-se rei dos britânicos.

Bolsonaro chegou a decretar luto oficial de três dias no Brasil e lamentou o falecimento nas redes sociais, chamando Elizabeth de "rainha de todos". No Twitter, descreveu a soberana como "uma mulher extraordinária e singular".

Na segunda-feira, o presidente participará do funeral na Abadia de Westminster. O caixão com o corpo da rainha deve ser levado à abadia às 10h44 (6h44 em Brasília), seguido pela família real em cortejo a pé. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o da França, Emmanuel Macron, e os monarcas da Espanha, Suécia, Noruega, Luxemburgo, Mônaco, Bélgica e Holanda estarão presentes ao funeral, também.

Horas após o encontro com apoiadores, Bolsonaro publicou no Twitter um vídeo com imagens do momento, no qual diz que "cada vez mais o Brasil mostrará ao mundo o seu valor". O presidente também voltou a usar um mote de origem fascista que se tornou um dos slogans de sua campanha. "O nosso lema é Deus, pátria, família e liberdade", afirmou, adicionado o termo "liberdade" à frase adotado por fascistas brasileiros da Ação Integralista e pela ditadura Salazar em Portugal.

Depois de Londres, Bolsonaro vai a Nova York, para participar da 77ª Assembleia-Geral da ONU, onde, como manda a tradição, deve fazer o discurso de abertura. O presidente não tem bilaterais de peso na agenda —estão programadas reuniões com líderes do Equador, da Guatemala, da Polônia, e da Sérvia, além de um encontro com o secretário-geral da ONU, o português António Guterres.

O Itamaraty minimizou o significado da agenda deste ano e atribuiu a falta de nomes mais significativos à incompatibilidade de agenda, uma vez que o presidente vai passar pouco tempo nos EUA, e à possibilidade de que outras reuniões importantes ocorram na véspera, em Londres.

Erramos: o texto foi alterado

O presidente Jair Bolsonaro foi recebido por apoiadores na residência do embaixador do Brasil em Londres, não na embaixada, como afirmava incorretamente versão anterior do texto.

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