Descrição de chapéu União Europeia

Berlusconi conquista vaga no Senado com campanha marcada por piadas de tiozão no TikTok

Ex-premiê da Itália volta à Casa da qual foi expulso em 2013 por fraude fiscal

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Roma | AFP

O magnata e ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi, líder de um dos partidos que compõem a coalizão de direita vencedora das eleições legislativas deste domingo (25), foi reeleito para uma vaga no Senado, nove anos depois de ter sido expulso da Casa por fraude fiscal.

Berlusconi, 85, foi eleito para representar Monza, no norte do país, onde é dono do time de futebol homônimo, hoje na Série A. Ele retorna ao Legislativo sob a bandeira de seu Força, Itália, que obteve pouco mais de 8% dos votos e que compõe a coligação que, com outras duas legendas de ultradireita, deve levar Giorgia Meloni a ser a primeira-ministra do país.

Silvio Berlusconi, ex-primeiro-ministro da Itália e recém-eleito senador, durante votação em Milão - 25.set.22/Xinhua

A vitória nas urnas tem um sabor de vingança para Berlusconi, bilionário apelidado de "imortal" devido a sua longa trajetória na política italiana. Primeiro-ministro durante três mandatos, ele se referiu a sua própria expulsão do Senado em 2013 como um "dia de luto pela democracia".

Sua atual namorada, Marta Fascina, 32, também surfou na popularidade e foi eleita deputada representando uma região que ela própria admitiu não conhecer profundamente.

A nona campanha eleitoral de Berlusconi —e que muitos acreditam ser a última, devido à idade avançada do político— teve grande impulso nas redes sociais. Adotando um estilo de "piadas de tiozão", ele conquistou mais de 600 mil seguidores em seu perfil no TikTok, rede social marcada pela presença de adolescentes, muitos dos quais nem sequer haviam nascido quando Berlusconi entrou na política.

Em um vídeo com mais de 1 milhão de visualizações, o ex-premiê se gaba do próprio reflexo ao matar uma mosca. Em outro, faz brincadeiras sobre roubar namoradas dos jovens de 18 anos.

"Sempre fui o número um", diz Berlusconi no vídeo, exibindo o mesmo largo sorriso com que costuma aparecer diante das câmeras, em especial com seus dois parceiros de coalizão, a provável futura primeira-ministra Giorgia Meloni, do partido Irmãos da Itália, e Matteo Salvini, da Liga.

Berlusconi acumula uma série de problemas de saúde, além de escândalos sexuais e condenações criminais. A despeito da longa e controversa ficha, o bilionário usa seu capital político acumulado ao longo de décadas para se apresentar como um grande negociador dentro da coalizão.

Com a provável vitória de sua coligação, Meloni será a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra da Itália, com uma plataforma conservadora. Seu programa é nacionalista, o que pode gerar conflitos com a União Europeia, e inclui propostas como bloqueio naval para conter a imigração. É contra a chamada "islamização da Europa" e a adoção de crianças por casais homossexuais.

Apesar de declarar não ter intenção de mudar a lei que descriminaliza o aborto, de 1978, afirma querer dar ênfase à prevenção, o que pode resultar em obstáculos no acesso ao procedimento pelas mulheres.

Sua agenda é considerada distante do movimento feminista e, durante a campanha, viu um movimento do tipo "Ela, não" surgir entre celebridades italianas. Um de seus slogans é "Deus, pátria e família".

No âmbito internacional, seu partido é próximo dos líderes da Hungria, Viktor Orbán, e da Polônia, Mateusz Morawiecki, e do partido espanhol Vox, todos da ultradireita conservadora. Em relação à Guerra da Ucrânia, defende a linha do ainda premiê Mario Draghi, condenando a ação russa e apoiando o envio de armas a Kiev.

Meloni vai comandar um país fundador da União Europeia, a terceira maior economia do bloco e membro do G7, mas em um cenário de guerra, crise energética e inflação.

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