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Irmão de Boric é agredido em dia de protestos e fim da campanha por plebiscito no Chile

Jornalista teve ferimentos leves; Santiago tem clima de tensão antes de atos de Aprovo e Rejeito

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Santiago

A três dias da votação do plebiscito da nova Constituição do Chile, a capital Santiago viveu um dia movimentado. A quinta-feira (1º) começou com tensão em protestos antigoverno e terminou com grandes atos de rua, pacíficos, marcando oficialmente o fim das campanhas a favor e contra a nova Carta.

No início da tarde, na Universidade do Chile, uma confusão terminou com uma agressão a Simón Boric, responsável pela comunicação da instituição e irmão do presidente Gabriel Boric. Ele teve de ser levado ao hospital, onde foi atendido para tratar ferimentos leves.

Imagens publicadas nas redes sociais mostram o jornalista sendo cercado e se defendendo, mas também devolvendo as agressões com tapas e chutes. As circunstâncias do incidente ainda não são totalmente claras, mas a confusão teria tido início com Simón tentando intervir para evitar que um grupo saqueasse uma loja.

Vídeo mostra agressão a Simón Boric, irmão de Gabriel Boric, em Santiago - Reprodução Twitter

Boric fez uma visita ao irmão no hospital, e a universidade manifestou repúdio às agressões. O secretário-geral da Presidência, Giorgio Jackson, definiu o caso como gravíssimo.

O clima na região estava tenso havia horas. Pela manhã, um ato de estudantes chegou a interromper o trânsito na Alameda, uma das principais avenidas do centro da capital, acendendo fogueiras na via. A polícia deteve quatro pessoas, cujas identidades não foram reveladas —sabe-se que ao menos uma delas tem antecedentes criminais por participar de tentativas de queimar veículos em manifestações.

Houve ainda uma série de outros incidentes. No centro, em um ato antigoverno, sem reivindicações diretamente ligadas ao plebiscito da Constituição, bandeiras do Chile foram queimadas por manifestantes encapuzados. Na Alameda, os protestos montaram barricadas e lançaram coquetéis molotov contra policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo. Ao menos um ônibus foi incendiado.

Com a proximidade da votação, que será realizada neste domingo (4), com participação obrigatória, manifestações têm se intensificado no país. As pesquisas mais recentes sobre o plebiscito indicam vantagem do "não".

A partir das 18h locais (19h em Brasília), os atos da campanha em si tiveram menos tensão —o clima era de música, tambores e palavras de ordem.

No ato do Aprovo, na mesma Alameda, flautas andinas anunciaram a subida ao palco de personagens da área da cultura. Em jogral, eles leram trechos da nova Carta. Integrantes da Convenção Constitucional também falaram à multidão, carregando exemplares do texto e bandeiras do Chile.

O historiador Jorge Baradit pediu "a união de todos na construção de um novo Chile", e Iracy Hassler destacou a presença de mulheres, "protagonistas desse processo". O público de fato era principalmente jovem e feminino, mas havia também famílias, com pais levando crianças nos ombros, indígenas mapuches e representantes de entidades de direitos humanos.

Os representantes do Rejeito, por sua vez, reuniram-se num auditório no cerro San Cristóbal, um dos pontos mais altos da cidade. Apesar da baixa temperatura, a multidão compareceu em peso, embora em menor número com relação ao ato do Aprovo. Nas mãos dos presentes se viam, principalmente, bandeiras do Chile, e movimentos sociais distribuíam panfletos com "razões para rejeitar a nova Constituição".

"Há muitos temas que foram deixados de lado nesse texto, um deles é a segurança, que afeta a todos os chilenos, principalmente os mais humildes. Também está de fora a recuperação econômica do nosso país", afirmou um dos organizadores do ato, Juan Carlos Gasmuri. "Nós queremos uma nova Constituição, mas não essa."

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