A Polônia estimou suas perdas na Segunda Guerra Mundial causadas pela Alemanha nazista em 6,2 trilhões de zlotys, cerca de R$ 6,6 trilhões, informou nesta quinta-feira (1º) Jaroslaw Kaczynski, líder do partido governista Lei e Justiça (PiS).
O cálculo foi apresentado em uma conferência para marcar a conclusão de um relatório sobre os prejuízos do país no conflito. Este 1º de setembro marca 83 anos do dia da invasão da Polônia pelo Exército de Adolf Hitler.
A quantia de R$ 6,6 trilhões equivale a aproximadamente um terço do Produto Interno Bruto anual da Alemanha, a quarta maior economia do mundo e maior da União Europeia. Kaczynski disse que vai exigir de Berlim a negociação das compensações.
Maior parceiro comercial da Polônia, Berlim afirmou em outras ocasiões que todas as reivindicações financeiras relacionadas à Segunda Guerra já foram resolvidas. Nesta quinta, reforçou essa posição depois da divulgação do relatório de Varsóvia.
"A posição do governo alemão permanece inalterada: a questão das reparações está encerrada", afirmou um porta-voz da chancelaria. "A Polônia renunciou a outras reparações há muito tempo, em 1953, e desde então tem confirmado isso repetidamente."
Kaczynski admitiu que o caminho para uma eventual reparação será longo e difícil, ainda que tenha demonstrado firmeza para a empreitada. "Não apenas preparamos um relatório, mas também tomamos uma decisão sobre ações futuras", disse. "Os alemães invadiram a Polônia e nos causaram enormes danos. A ocupação foi inacreditavelmente criminosa, inacreditavelmente cruel e causou efeitos que, em muitos casos, continuam até hoje."
Desde que assumiu o poder na Polônia, em 2015, o PiS repetiu vários pedidos de indenização. A nova estimativa da Polônia supera uma anterior, de US$ 850 bilhões (R$ 4,5 trilhões), feita por um legislador do partido governista em 2019.
O partido tem invocado o tema da ocupação alemã como parte de seus esforços para promover o patriotismo e combater acusações de que poloneses também foram perpetradores de crimes contra judeus durante a guerra. A postura combativa desta quinta estremeceu as relações com Berlim.
Do novo total estimado de prejuízos, parte significativa corresponde à compensação pela morte de mais de 5,2 milhões de cidadãos poloneses. Segundo o relatório, 2,1 milhões foram deportados para trabalhos forçados na Alemanha nazista e cada um deles trabalhou em média por dois anos e nove meses.
Depois da guerra, devido a experiências médicas e às detenções nos campos de concentração, 590 mil poloneses ficaram incapacitados. Entre 1939 e 1945, cita o documento, a Polônia perdeu 50% de seus advogados, 40% de seus médicos e 35% de seus professores universitários.
O montante inclui ainda perdas materiais, vinculadas a bens culturais e artísticos e aos setores bancário e de seguros.
Em 1953, os então governantes comunistas da Polônia renunciaram a todas as reivindicações de reparações de guerra sob pressão da União Soviética, que queria livrar a Alemanha Oriental —um satélite soviético assim como a Polônia— de qualquer responsabilidade.
O PiS argumenta agora que o acordo é inválido porque Varsóvia não conseguiu negociar uma compensação justa.
Além da Alemanha, a oposição ao partido governista na Polônia fez críticas ao relatório. Donald Tusk, líder da Plataforma Cívica, disse nesta quinta que o anúncio de Kaczynski não trata de reparações. "É uma campanha política interna para reconstruir o apoio ao partido no poder."
O apoio ao PiS ainda prevalece na maior parte das pesquisas de opinião, mas a vantagem sobre a Plataforma Cívica diminuiu nos últimos meses, em meio a críticas à alta da inflação e à desaceleração econômica.
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