Descrição de chapéu China

Veja reações dos EUA e da China sobre acusação da ONU de violação de direitos humanos em Xinjiang

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Igor Patrick

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Prestes a deixar o posto de alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet convocou a imprensa para uma coletiva na quarta-feira (31) e acusou a China de potencialmente cometer "graves violações aos direitos humanos" na região autônoma de Xinjiang, lar da minoria muçulmana uigur.

O documento de 48 páginas é o resultado de uma visita realizada por Bachelet em maio e representa a primeira vez que um país membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas é alvo de um relatório pelo comissariado.

Ilustração mostra pessoas atrás de um portão de cor vermelha, como se estivessem presas a ele
Arte do ativista chinês Badiucao critica encarceramento de uigures na região autônoma de Xinjiang - Badiucao/Reprodução
  • Bachelet e sua equipe afirmam terem coletado relatos de "padrões de tortura ou maus-tratos, incluindo tratamento de prevenção e condições adversas de violência sexual, assim como alegações de incidentes de indivíduos de violência sexual";
  • O texto acusa a China de usar uma definição vaga da palavra "terrorismo" para implementar detenções arbitrárias contra a minoria muçulmana e restringir seus direitos fundamentais individuais, o que poderia ser interpretado em cortes internacionais como crimes contra a humanidade;
  • Ainda de acordo com a ONU, políticas do governo chinês na região causaram a separação de famílias por meio de intimidação e ameaças. A China também foi acusada de estender essas medidas além de suas fronteiras, perseguindo uigures expatriados e seus parentes.

Pequim, que há meses vinha preparando terreno e angariando apoio internacional para lidar com as consequências negativas do relatório quando ele fosse publicado, reagiu com fúria.

  • Porta-voz da missão chinesa na ONU, Liu Yuyin chamou o texto de "pura farsa" e "documento politizado". Liu acusou o comissariado de usar "desinformação e mentiras fabricadas por forças anti-China como suas principais fontes";

A China também acusou a equipe de "distorcer maliciosamente as leis e políticas" locais no combate ao terrorismo, além de reproduzir "preconceitos profundamente enraizados e ignorância" sobre a história do país.

Prestes a deixar o posto de alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet convocou a imprensa para uma coletiva na quarta-feira (31) e acusou a China de potencialmente cometer "graves violações aos direitos humanos" na região autônoma de Xinjiang, lar da minoria muçulmana uigur.

O documento de 48 páginas é o resultado de uma visita realizada por Bachelet em maio e representa a primeira vez que um país membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas é alvo de um relatório pelo comissariado.

  • Bachelet e sua equipe afirmam terem coletado relatos de "padrões de tortura ou maus-tratos, incluindo tratamento de prevenção e condições adversas de violência sexual, assim como alegações de incidentes de indivíduos de violência sexual";

  • O texto acusa a China de usar uma definição vaga da palavra "terrorismo" para implementar detenções arbitrárias contra a minoria muçulmana e restringir seus direitos fundamentais individuais, o que poderia ser interpretado em cortes internacionais como crimes contra a humanidade;

  • Ainda de acordo com a ONU, políticas do governo chinês na região causaram a separação de famílias por meio de intimidação e ameaças. A China também foi acusada de estender essas medidas além de suas fronteiras, perseguindo uigures expatriados e seus parentes.

Pequim, que há meses vinha preparando terreno e angariando apoio internacional para lidar com as consequências negativas do relatório quando ele fosse publicado, reagiu com fúria.

  • Porta-voz da missão chinesa na ONU, Liu Yuyin chamou o texto de "pura farsa" e "documento politizado". Liu acusou o comissariado de usar "desinformação e mentiras fabricadas por forças anti-China como suas principais fontes";

A China também acusou a equipe de "distorcer maliciosamente as leis e políticas" locais no combate ao terrorismo, além de reproduzir "preconceitos profundamentos enraizados e ignorância" sobre a história do país.

Os Estados Unidos também reagiram rapidamente ao texto, dizendo que ele corrobora as "preocupações com o genocídio em andamento e os crimes contra a humanidade que as autoridades do governo da República Popular da China estão perpetrando contra os uigures", nas palavras do secretário de Estado, Antony Blinken.

  • Ele prometeu continuar a "responsabilizar a China" e exigir que o país "liberte os detidos injustamente, preste contas dos desaparecidos e permita acesso irrestrito de investigadores independentes a Xinjiang, Tibete e outras regiões da República Popular".

Por que importa:expliquei no meu blog na Folha como começou a ofensiva do governo chinês à região de Xinjiang. Em resumo, as políticas que Pequim chama de "reeducação" e alguns países ocidentais de "genocídio cultural" é uma resposta há décadas de atividades separatistas e terrorismo.

As acusações da ONU, porém, são robustas e apontam violações sistêmicas incompatíveis com simples atividades de contraterrorismo. Qualquer pessoa nascida depois de 2001 certamente pode acusar os Estados Unidos de não serem nenhum exemplo moral no tratamento a muçulmanos, mas o relatório certamente dará munição para a retórica anti-China que Washington vem promovendo na tentativa de alcançar coesão entre aliados históricos.

o que também importa

Chengdu, sudoeste da China, foi colocada em lockdown para conter transmissão de Covid após diagnóstico de 900 casos da doença em dez dias.

Conhecida como a "capital mundial dos pandas", Chengdu se tornou a maior cidade na China a anunciar um bloqueio total desde Xangai no início deste ano. Embora não tenha o mesmo peso econômico da metrópole costeira, a cidade é responsável por 1,7% do PIB chinês e abriga várias empresas importantes como a montadora Volvo e a Foxconn (responsável pela fabricação de produtos da Apple).

Todos os 21 milhões de habitantes vão ser testados nos próximos quatro dias, mas autoridades evitam prometer quando a cidade será reaberta.

O Ministério de Assuntos Civis da China revelou que 7,6 milhões de casamentos foram celebrados no país em 2021, o menor número em 35 anos.

De acordo com o tabloide Global Times, ligado ao estatal Diário do Povo, o número também representa uma queda de 6,1% em relação ao ano passado. Entre 2013 e 2019, a queda acumulada é de impressionantes 41% (de 23,8 milhões de casamentos para 13,9 milhões).

A estatística amplia o temor do governo sobre a provável queda populacional, com o número de nascimentos caindo ano a ano.

fique de olho

A despeito de protestos domésticos e das declarações contrárias vindas da China, a Coreia do Sul decidiu continuar com o desenvolvimento de sua base de defesa antimísseis. Conhecido tecnicamente pela sigla THAAD, o sistema foi cedido pelos americanos ainda durante o governo Trump com a desculpa de se defender de possíveis ataques vindos da Coreia do Norte.

A ideia é construir uma instalação com mais de 700 mil metros quadrados em Seongju, sudoeste do país. Moradores da região têm bloqueado a chegada de suprimentos para a obra, temendo repercussões ambientais e colocando a segurança do condado em risco.

Por que importa: Quando a instalação do THAAD foi anunciada pela Coreia, a China protestou imediatamente por avaliar que o sistema pode ser facilmente reconfigurado da sua função original de defesa para espionagem do seu território.

  • A China retaliou restringindo excursões de grupos do país à Coreia do Sul, sancionando operações da rede de supermercados Lotte (que cedeu terras para o THAAD) e até proibindo grupos de K-pop de se apresentarem em território chinês;
  • Com a chegada de Yoon Suk-yeol à presidência sul-coreana em maio, porém, o país deu uma guinada da política até então conciliatória do antecessor Moon Jae-in e assumiu um tom abertamente anti-China. O THAAD tem tudo para se tornar o principal ponto de conflito entre os dois países a partir de agora.

para ir a fundo

  • O Sixth Tone publicou uma reportagem polêmica nesta semana que mostra como o boom no mercado pet chinês tem submetido milhões de animais a tratamento cruel em um cenário repleto de ilegalidades. (gratuito, em inglês)
  • O Conselho Empresarial Brasil-China lançou o relatório atualizado sobre investimentos chineses no Brasil. A pesquisa foi disponibilizada na íntegra aqui. (gratuito, em português)
  • Continuam abertas aqui as inscrições para o encontro da Rede Brasileira de Estudos da China. O evento acontece entre os dias 19 e 22 de setembro e vai contar com pesquisadores do CEBRI, Unicamp, Unesp, PUC Minas e outros. (gratuito, em português)
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