Brasileiro acusado de atuar como 'coiote' é indiciado por tráfico de pessoas nos EUA

Chelbe Moraes cobrava até R$ 100 mil para levar migrantes de forma irregular; acusação cita trabalho forçado para pagar dívida

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Gabriel Stargardter
Rio de Janeiro | Reuters

Um homem acusado de ser um "coiote" no Brasil, operador de um esquema para levar migrantes de forma irregular para os Estados Unidos, foi indiciado por tráfico de pessoas. O Ministério Público do estado de Massachusetts, que fez o anúncio nesta terça-feira (4) também mira o irmão e o sobrinho de Chelbe Moraes.

O brasileiro foi preso no Paraguai no ano passado, suspeito de ter fugido com sua filha de três anos depois de perder a guarda dela para sua ex-mulher —ele é investigado por esse caso no Brasil. Depois da prisão, ao grampear telefones de pessoas ligadas a Moraes, a Polícia Federal brasileira começou a suspeitar que ele fosse um traficante de pessoas, o chamado "coiote".

Ele foi acusado de cobrar de brasileiros que não possuem vistos americanos válidos cerca de US$ 20 mil (R$ 103,5 mil) por pessoa para ingressar nos EUA via México, usando uma rede internacional que inclui policiais e funcionários públicos corruptos, além de familiares seus residentes nos EUA.

O brasileiro Chelbe Moraes ao ser expulso do Paraguai, no começo de junho - Divulgação Dirección General de Migraciones/Reuters

Em outubro do ano passado a agência de notícias Reuters noticiou o caso, tendo conversado com mais de 20 pessoas com conhecimento do caso, incluindo policiais, autoridades de imigração, sócios de Moraes e três pessoas que se disseram seus clientes. As entrevistas pintaram o retrato de um "coiote" experiente, cujos negócios prosperavam em meio à turbulência política e econômica brasileira.

À época, Moraes negou ser traficante de pessoas, alegando dirigir uma consultoria legítima sediada em Minas Gerais para assessorar pessoas em seus pedidos de asilo nos EUA. Ele afirmou que em 20 anos de carreira atendeu cerca de 200 clientes, que satisfaziam os critérios para migrar, cobrando até R$ 100 mil.

Nesta terça, procuradores federais de Massachusetts abriram um processo com quatro acusações contra Moraes. Também anunciaram a prisão de seu irmão, Jesse James Moraes, e de seu sobrinho, Hugo Giovanni Moraes, em Woburn. Os dois possuem dois restaurantes na cidade de 38 mil habitantes, chamados Taste of Brazil - Tudo na Brasa e The Dog House.

De acordo com um comunicado da Procuradoria, os três homens "contrabandearam indivíduos do Brasil para os EUA por uma taxa que varia entre US$ 18 mil e US$ 22 mil [R$ 93,1 mil e R$ 113,9 mil]".

Ainda segundo a acusação, Jesse e Hugo Moraes "empregavam [as pessoas] em seus restaurantes em Woburn, retendo seus salários para pagar suas dívidas de contrabando". Além disso, "deram ou ofereceram documentação falsa aos indivíduos para apoiar pedidos de asilo ou obter autorizações de trabalho".

Chelbe Moraes se recusou a comentar sobre as acusações dos EUA. Os advogados de Jesse James Moraes e Hugo Giovanni Moraes não responderam à agência Reuters.

Procurado no ano passado, Jesse Moraes negou que tenha trabalhado com o irmão para levar brasileiros de forma irregular para os EUA. Ele também negou que empregasse clientes de seu irmão em seus restaurantes.

Policiais paraguaios, brasileiros e agentes da Interpol posam após a detenção de Chelbe Moraes - Divulgação Dirección General de Migraciones - 7.jun.21/Reuters
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