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Fernández faz novas trocas ministeriais na Argentina para aplacar crise

Mudanças envolvem pastas menos importantes, mas que enfrentam desgastes com setores da população

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Buenos Aires

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, promoveu nesta segunda-feira (10) uma nova minirreforma ministerial, num momento em que o governo se mantém sob desgaste e com popularidade baixa.

As trocas promoveram ao gabinete três mulheres: Victoria Tolosa Paz, 49, que ocupará o Ministério de Desenvolvimento Social; Raquel "Kelly" Olmos, 70, para o Trabalho; e Ayelén Mazzina, 32, na pasta de Mulheres, Gênero e Diversidade. Em comunicado, o governo disse que as novas ministras são "mulheres de diferentes idades e origens geográficas, além de terem vasta experiência".

Embora não sejam postos-chave na administração, as pastas são responsáveis por áreas em que as tensões de setores da população em relação a Fernández são crescentes. O Trabalho tem enfrentado críticas do sindicalismo, cada vez mais atuante nos protestos contra o presidente. E atos pedindo mais benefícios sociais vêm ocorrendo quase diariamente.

O presidente argentino,Alberto Fernández, em discurso na ONU em setembro - Angela Weiss - 20.set.22/AFP

Há meses o presidente enfrenta uma crise em diferentes camadas. O fim de ano se aproxima com a possibilidade de uma inflação anual na casa dos 100% e a disputa interna na aliança de governo se mantém intensa, sem sinal de trégua.

A coalizão se divide entre a ala kirchnerista, ligada à vice-presidente Cristina Kirchner, que tem mais volume e poder, e o chamado "albertismo", com os poucos e fiéis apoiadores de Fernández. O presidente tem 13% de popularidade e vem sendo ofuscado pelo "superministro" da Economia, Sergio Massa.

Indicação de Cristina, o político assumiu a pasta no começo de agosto em uma tentativa de acalmar os mercados e salvar a gestão às vésperas do início da campanha eleitoral. O pleito presidencial na Argentina acontece em 2023.

Das novas auxiliares de Fernández, porém, ao menos uma delas assumirá já sob desconfiança. A nomeação da deputada Tolosa Paz ao Ministério de Desenvolvimento Social não agradou aos manifestantes que vêm se fazendo presentes diante do prédio da pasta há semanas. Eles pedem a reestruturação dos planos de assistência social, de forma que eles acompanhem as cifras da inflação.

A verba para gastos sociais, porém, depende de Massa, que ainda não definiu um novo orçamento para a área. Na semana passada, trabalhadores organizaram acampamentos na avenida 9 de Julio para reforçar essa demanda.

Tolosa Paz assume no lugar de Juan Zabaleta, dirigente peronista que deixou o governo para cuidar de sua campanha eleitoral em Hurlingham, na Grande Buenos Aires.

No Trabalho, a economista Olmos ocupa o posto do demissionário Claudio Moroni. Ela havia sido parlamentar da cidade de Buenos Aires e ocupado a secretaria nacional de Assuntos Municipais (2007-2009). No Ministério da Mulher, a cientista política Ayelén Mazzina já vinha atuando no setor, na secretaria da província de San Luis; agora o fará nacionalmente.

A antiga titular, Elizabeth Gomez Alcorta, pediu desligamento depois de se opor a uma ação de despejo de indígenas mapuches na Patagônia. A operação, na semana passada, contou com a presença de policiais federais e terminou com a prisão de sete mulheres, entre elas uma grávida.

Com essas novas mudanças, o governo de Fernández chega a 18 trocas de ministros; apenas cinco nomes são mantidos desde o início do mandato, em 2019.

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