Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Irã ensinou tropas da Rússia a usar drones kamikazes, diz Ucrânia

Governo de Volodimir Zelenski afirma que Guarda Revolucionária viajou a áreas ocupadas ao sul para prática

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São Paulo

A Ucrânia acusa agentes da Guarda Revolucionária do Irã de terem viajado a áreas ocupadas pela Rússia no sul da Ucrânia para ensinar as tropas de Vladimir Putin a usarem drones kamikazes produzidos pelo país do Oriente Médio.

A informação, do Centro Nacional de Resistência, criado pelas Forças Armadas de Kiev após o início da guerra, foi reproduzida pelo jornal The Washington Post nesta quinta (13).

Componente de um veículo não-tripulado que autoridades ucranianas acreditam ser o drone kamikaze Shahed-136 usado para bombardear um armazém de combustíveis em Kharkiv, na Ucrânia - Viacheslav Madiievskii - 6.out.22

A Ucrânia afirma que os militares foram levados a um porto na região de Kherson —uma das regiões anexadas por Moscou por meio de referendos considerados ilegais pelo Ocidente— e a uma localidade na península da Crimeia para dar instruções sobre o uso de drones Shahed-136.

Eles também teriam monitorado o uso desses dispositivos em ataques a áreas civis, como Mikolaiv, no sul, e Odessa.

O ministro das Relações Exteriores do Irã recentemente negou que o país esteja mandando armas para o Exército russo usar na Ucrânia, embora informações coletadas por agências de espionagem americanas e de outros países indiquem o contrário.

O Shahed-136 é relativamente barato e pouco sofisticado, custando em torno de US$ 20 mil. Seus efeitos são semelhantes aos de mísseis de cruzeiro que custam milhões de dólares, como o Kalibr (US$ 6,5 milhões) e o Kh-101 (US$ 13 milhões), ainda que ele ofereça maior risco para civis devido a sua baixa precisão.

O modelo iraniano também é mais fácil de ser encontrado no mercado do que seus concorrentes. Versões guiadas por satélite, que acompanham o terreno a baixa altitude, dependem de chips mais avançados em seus sistemas —cuja produção tem sido dificultada pelo embargo vigente contra a indústria russa como um todo.

O Instituto para o Estudo da Guerra, think thank baseado nos Estados Unidos, afirmou ao Washington Post que faz sentido que a Guarda Revolucionária —exército ideológico do regime islâmico— tenha envolvimento nesse intercâmbio, uma vez que é a principal operadora do inventário de drones do Irã.

Kiev e os países do Ocidente alegam que a Rússia usa drones na guerra desde agosto. O emprego mais recente de armas do tipo teria se dado nos bombardeios a civis em toda a Ucrânia ocorridos desde o início da semana, o mais amplo desde o início do conflito. Ao menos 26 pessoas morreram.

Os ataques são uma reação do Kremlin à explosão da ponte que ligava a Rússia à península da Crimeia no sábado. A rota, inaugurada depois da anexação da região pela Rússia, simbolizava a união entre os dois territórios e era crucial para o abastecimento das tropas de Putin na Ucrânia.

Putin sofreu uma série de derrotas em campo nas últimas semanas: perdeu territórios ocupados em Kharkiv e viu tropas ucranianas romperem suas defesas em Kherson e em Donetsk. Um pronunciamento do presidente russo do fim do mês passado em que ele decretou as anexações, voltou a fazer ameaças sobre armas nucleares e ordenou a mobilização de até 300 mil reservistas levou a uma nova intensificação da guerra.

Com Reuters

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