Ao menos 50 pessoas morreram em um ataque aéreo durante a apresentação de uma minoria étnica de Mianmar, informaram grupos de oposição e a mídia local nesta segunda-feira (24). O país asiático é governado por uma junta militar desde fevereiro de 2021.
O ataque teria ocorrido no estado de Kachin, ao norte do país, onde reside o grupo étnico de mesmo nome. O episódio não foi confirmado pelos militares, mas civis e membros do Exército de Independência de Kachin, uma milícia local, teriam morrido, segundo a oposição.
O porta-voz do grupo, Naw Bu, afirmou à agência Reuters que o ataque teve como alvo as comemorações do 62º aniversário de formação do braço político do exército kachin. Outras 70 pessoas teriam ficado feridas. "O ataque foi intencional; esse é um ato perverso que deve ser considerado crime de guerra."
As informações não puderam ser confirmadas de forma independente. Desde o golpe, Mianmar tem registrado episódios frequentes de violência. Movimentos de oposição, alguns deles armados, surgiram em todo o país, e o regime tenta reprimi-los.
O Exército Kachin luta por maior autonomia para a minoria étnica há seis décadas e é uma das principais vozes contra os militares no poder.
O governo paralelo de Unidade Nacional, uma aliança de grupos contra o golpe e a favor da retomada da democracia, disse estar triste com a perda de civis e instou a ONU a intervir de forma urgente.
"Militares cometeram deliberadamente outro assassinato em massa com bombardeios aéreos visando um grande show público; esse ato claramente viola as leis internacionais", disse em comunicado.
As próprias Nações Unidas se manifestaram por meio do escritório em Mianmar. "Trata-se de mais um caso de uso excessivo e desproporcional da força pelos militares contra civis desarmados; é inaceitável."
A ONU, mais de uma vez, criticou publicamente a tomada do poder pelos militares, acusando-os de crimes contra a humanidade pela morte de civis. A junta, por sua vez, alega que suas ações têm como objetivo combater o terrorismo em solo nacional.
Em nota conjunta, chefes de missões diplomáticas em Mianmar, como Austrália, Reino Unido e Estados Unidos, disseram que o ataque ressalta a responsabilidade do regime militar pela crise e pela instabilidade —"além de seu desrespeito à obrigação estatal de proteger os civis".
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