Descrição de chapéu China

Xi Jinping se dedica a aprimorar relação com os EUA; entenda

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Igor Patrick

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Reconduzido ao terceiro mandato, Xi declarou estar disposto a cooperar com os EUA em iniciativas de benefício mútuo. O chinês enviou uma carta ao Comitê Nacional para as Relações EUA-China, sediado em Nova York.

  • "O mundo de hoje não é pacífico. Como grandes potências, a China e os EUA devem fortalecer a comunicação e a cooperação para promover a paz e ajudar a proporcionar estabilidade ao mundo", escreveu Xi.

  • "A China está disposta a trabalhar em conjunto com os EUA por meio de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação ganha-ganha, encontrando o caminho certo para ambos os países se darem bem na nova era, que não apenas beneficiará aos dois lados, mas também ao planeta", concluiu.

O líder chinês, Xi Jinping, na abertura do Congresso Nacional do Partido Comunista, em Pequim - Thomas Peter/Reuters

Ele também pediu que o Comitê (uma instituição privada, apesar do nome) continue apoiando os laços sino-americanos e ajudando para que as relações bilaterais retomem o curso do desenvolvimento saudável e estável.

Xi e o presidente Joe Biden devem ficar cara a cara em breve, na 17ª reunião de cúpula do G20 em Bali, na Indonésia. Vai ser a primeira reunião presencial entre os dois desde que o democrata foi eleito (embora eles se conheçam pessoalmente desde os tempos em que Biden foi vice-presidente de Barack Obama, todas as conversas entre os dois aconteceram por telefone ou videoconferência).

Por que importa: China e EUA subiram significativamente o tom nos últimos meses, motivados em grande parte pela agenda doméstica. Enquanto Xi queria se apresentar como líder forte e reativo aos olhos da população chinesa às vésperas do Congresso do Partido Comunista, Biden precisa lidar com popularidade baixa e projeções pessimistas para seu Partido Democrata nas eleições de meio de mandato.

A turbulência levou os dois países para um lado perigoso. Em mais de uma ocasião, Biden afirmou que defenderia Taiwan em caso de ataque chinês, e a visita de Nancy Pelosi à ilha azedou as relações em várias áreas até então imunes ao péssimo clima diplomático (como cooperação para combater mudanças climáticas, troca de informações de defesa e desenvolvimento de tecnologias de saúde).

o que também importa

A China tem um novo diretor do aparato de propaganda estatal: Li Shulei, eleito para o Politburo durante o 20º Congresso do Partido Comunista, encerrado no último domingo.

Li já foi secretário de inspeção disciplinar e vice-secretário da Comissão Central de Inspeção do Partido Comunista. Desde 2020, ele ocupava o cargo de vice-presidente da Escola Central do Partido, instituição encarregada da formação ideológica aos oficiais governamentais.

Na função, Li será responsável pelos critérios de censura a filmes, séries televisivas, álbuns musicais, jornais, livros e internet. Aliado tardio de Xi (os dois se conheceram apenas em 2007), ele é considerado um quadro intimamente alinhado ao trabalho ideológico do PC Chinês. Era considerado internamente um acadêmico talentoso, formado em literatura moderna na prestigiosa Universidade de Pequim.

Dois jornalistas revelaram nesta semana terem pedido demissão do South China Morning Post (SCMP) —principal jornal em inglês em Hong Kong e um dos poucos grandes veículos sem controle formal do Estado— após serem proibidos de publicar uma reportagem com abusos de direitos humanos em Xinjiang.

A informação foi revelada pelo ex-editor-sênior do jornal Peter Langan em uma palestra ao Clube de Correspondentes Estrangeiros no Japão. De acordo com o jornalista, a série de reportagens seria dividida em três partes, cobrindo políticas de controle de natalidade na região. Baseando-se em documentos oficiais, os jornalistas teriam identificado estratégias para fazer cair a taxa de natalidade entre muçulmanos da minoria étnica uigur.

  • "Quando apresentei ao editor-executivo, [a reportagem] foi rejeitada [...] Tivemos várias teleconferências depois disso –mas ficou claro que não havia como eles publicarem essa reportagem sobre Xinjiang e as críticas que implicavam ao Partido Comunista da China", contou Langan.

O Hong Kong Free Press, primeiro portal a reportar a acusação de Langan, procurou o jornal. O SCMP se defendeu dizendo que o trabalho dos jornalistas não passou no "rigoroso processo de validação editorial e não atendeu ao padrão de publicação". O jornal também bloqueou tentativas de publicação do material em outros veículos, reclamando direitos autorais sobre o conteúdo.

fique de olho

A China vai precisar investir US$ 23,8 trilhões (R$ 127,1 trilhões) até 2050 se quiser zerar suas emissões de carbono e se tornar um país neutro. O número foi estimado em um relatório produzido pelo economista-chefe do BNY Mellon Investment Management, Shamik Dhar, e pelo chefe de economia climática da Fathom Consulting, Brian Davidson.

Segundo os dois, como crescerá mais rápido que a maioria das economias mundiais, a China precisará gastar mais que qualquer outro país em iniciativas verdes. O principal desafio será a transição energética: a queima de carvão ainda responde por 60% da energia gerada na China e continua essencial não apenas para abastecer domicílios, mas também na produção industrial.

Por que importa: Xi Jinping dedicou boa parte do seu discurso de abertura no Congresso do Partido Comunista falando sobre mudanças climáticas e transição sustentável. A palavra de ordem na China é "construir o novo antes de descartar o velho", ou seja, diminuir gradualmente a dependência de tecnologias sujas enquanto a infraestrutura limpa é desenvolvida. O líder chinês também prometeu à ONU que a China se tornará neutra na emissão de carbono até 2030.

O valor estimado por Davidson e Dhar, porém, impressiona: as estimativas iniciais eram de gastos na casa dos US$ 14,7 trilhões em 30 anos. A título de explicação, o novo montante previsto pelos especialistas equivale a 79 vezes todo o PIB brasileiro em 2021.

para ir a fundo

  • A Fiap abriu inscrições para o curso "China, Tecnologia e Inovação". Divididas em 5 módulos, as aulas acontecem de 3 de novembro a 1º de dezembro, serão online e vão abordar organização econômica, desenvolvimento tecnológico e inovação no país asiático. (pago, em português)
  • Estão abertas as candidaturas para o programa de bolsas de graduação, mestrado e doutorado na China.No Brasil, interessados precisam reunir documentos e enviá-los à Embaixada da China, responsável por selecionar os agraciados. Quem passa no processo seletivo tem isenção nas taxas da faculdade e também recebe passagens aéreas e ajuda financeira para custear os gastos durante os estudos. Informações aqui. (gratuito)
  • O Instituto Confúcio vai realizar um encontro online para tirar dúvidas sobre o HSK, exame de proficiência em chinês, e apresentar oportunidades de estudo na China. O seminário acontece no dia 8 de novembro e contará com a participação de representantes das universidades Tsinghua, Xi’an Jiaotong, Hubei e outras. (gratuito, em português
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