Primeira-ministra da Dinamarca vence eleições, mas renuncia em busca de maioria ampla

Centro ganha protagonismo na formação de novo governo do país nórdico após crise envolvendo líder social-democrata

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São Paulo

Com o fim da apuração na Dinamarca, na terça (1º), a coalizão de centro-esquerda que governa o país sob a liderança da primeira-ministra Mette Frederiksen conquistou uma maioria frágil no Parlamento.

A aliança liderada pelos sociais-democratas obteve 90 cadeiras, enquanto a coalizão à direita levou 72 assentos. O Parlamento é composto por 179 cadeiras, sendo necessárias 90 delas para obter maioria.

Mette Frederiksen, primeira-ministra da Dinamarca e líder dos sociais-democratas, fala com jornalistas após votar em uma seção de Copenhague - Jonathan Nackstrand - 1º.nov.22/AFP

O problema para a política de 44 anos é que, ao antecipar o pleito, ela definiu como objetivo a formação de uma ampla coalizão que alcance todos os espectros políticos, "num momento de incerteza internacional". Frederiksen, então, decidiu renunciar nesta quarta, na tentativa de formar um governo de caráter centrista.

Assim, o recém-criado partido Moderados, do ex-premiê Lars Lokke Rasmussen, deverá ter papel-chave, uma vez que conquistou 16 assentos. Ao longo da campanha, a legenda não manifestou apoio a nenhum dos lados. Fundada há apenas quatro meses, a sigla foi criada após Rasmussen deixar o Partido Liberal (Venstre), pelo qual se elegeu premiê duas vezes (2009-2011 e 2015-2019).

"Faremos todo o possível para ser uma espécie de ponto de união", disse o ex-primeiro-ministro pouco após votar. Ele, que afirmou não desejar um terceiro mandato, ainda que seu nome siga sendo cotado como uma possibilidade pela imprensa local, disse estar disposto a discutir um papel no governo.

Cartaz de campanha dos Moderados mostra foto do líder do partido, o ex-premiê Lars Lokke Rasmussen, em Copenhague, capital da Dinamarca - James Brooks - 1º.nov.22/AFP

O mandato de Frederiksen terminaria apenas em junho de 2023, mas a primeira-ministra foi forçada a antecipar as eleições após legendas menores, algumas das quais de sua base de apoio, ameaçarem convocar um voto de desconfiança no Parlamento.

Um dos estopins foram os longos desdobramentos da chamada "crise dos visons", em que o governo propôs o abate de todos os 17 milhões de mamíferos em criações no país para conter supostas mutações do coronavírus —o plano acabou suspenso em novembro de 2020, depois de duras críticas. A Dinamarca é um dos principais exportadores da pele desses animais.

Frederiksen conduziu uma gestão de combate à Covid considerada exitosa no país e internacionalmente, mas viu sua popularidade desidratar com o caso.

A eleição, na qual concorreram 14 partidos, foi dominada pela agenda doméstica —de corte de impostos ao apoio financeiro à população devido à alta de preços de energia em meio à Guerra da Ucrânia.

Temas que outrora tinham maior relevância, como a migração, perderam protagonismo após certo consenso dos principais partidos. O governo de Frederiksen apoia a ideia de estabelecer um acordo com Ruanda para enviar ao país africano requerentes de asilo que cheguem ao território dinamarquês —algo semelhante tentou ser feito no Reino Unido, mas a iniciativa foi barrada pela Justiça.

Com AFP e Reuters

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