Com o abastecimento comprometido em várias cidades do Chile, o presidente Gabriel Boric cedeu à principal reivindicação de caminhoneiros e garantiu o congelamento dos preços do diesel no país.
O acordo pôs fim a protestos e bloqueios que prejudicaram nos últimos oito dias o tráfego nas estradas, comprometendo a entrega de produtos a supermercados.
Firmado na madrugada desta terça (29), o pacto prevê o congelamento no preço do combustível por quatro meses, além da elaboração de um plano em conjunto com a polícia para melhorar a segurança das rodovias chilenas. "Com base no acordo que assinamos, os líderes [das manifestações] assumem o compromisso de que a greve será suspensa", disse o subsecretário do Interior, Manuel Monsalve.
O acordo foi alcançado após mais de uma semana de negociações. Inicialmente os caminhoneiros exigiam a redução em 30% e o congelamento por seis meses do preço dos combustíveis –o que poderia impactar os cofres públicos em US$ 2,6 bilhões (R$ 13,8 bilhões), de acordo com o governo.
Segundo o site GlobalPetrolPrices, no último dia 21 o litro da gasolina custava em média US$ 1,51 (R$ 8) no Chile. Para efeito de comparação, no mesmo dia o brasileiro pagava pelo produto em média R$ 5.
Durante os protestos, os caminhoneiros bloquearam totalmente a passagem em algumas estradas; em outros trechos, ocuparam faixas em interdições parciais, que também dificultaram o trânsito de veículos e a circulação de mercadorias. Um sindicato do setor de supermercados alertou em comunicado para dificuldades logísticas que "alteraram o abastecimento normal" em unidades de todo o país.
O governo chileno informou que os bloqueios impactaram o abastecimento em vários centros urbanos e a distribuição de alimentos, principalmente de hortaliças, pelo país.
Boric assumiu a Presidência em março. Em setembro, com menos de seis meses no cargo, sofreu a primeira derrota significativa ao ver rejeitada, com ampla margem, uma nova Constituição. Apesar de não ter apoiado abertamente a aprovação, a gestão se debilitou pelo fato de a Carta proposta ter sido um dos motores de sua coalizão política e parte essencial de sua campanha.
O esquerdista surgiu no cenário político no contexto dos protestos estudantis de 2011, que pediam reformas no sistema educacional. Em 2019, novas manifestações ampliaram as reivindicações para os setores de Previdência, saúde e habitação. O atual presidente foi um dos articuladores do acordo que acalmou as ruas e pressionou o governo do direitista Sebastián Piñera a iniciar o processo constituinte.
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